Justiça

Proteção de testemunhas é para "qualquer pessoa", até para arguidos

Steve Marcus/Reuters

Advogado do pirata informático assegura que "o que move Rui Pinto não é paixão clubística ou intuito monetário". E que o jovem português ainda não foi contactado no sentido receber proteção.

Rui Pinto pode contar com proteção pessoal ou até beneficiar de um programa especial de proteção de testemunhas, segundo revela o Jornal de Notícias. Porém, o advogado do hacker português assegura que o jovem não foi contactado.

Francisco Teixeira da Mota esclarece que o "conceito de testemunha" no caso da lei de proteção de testemunhas é para "qualquer pessoa, independentemente da sua qualidade num processo. Pode ser arguido, assistente, testemunha, [alguém] que tenha revelações que possam pôr em perigo a sua situação".

O advogado do jovem português que recorreu da extradição garante que "Rui Pinto não foi contactado nesse sentido" e que, no caso de ser, teria de se "apreciar a questão".

"Penso que será analisado com espírito aberto porque aquilo que move o Rui Pinto não é, contrariamente ao que tentam fazer, paixão clubística ou intuito monetário, é pura e simplesmente a divulgação de factos de interesse público relativos à corrupção e à máfia do futebol", realça o advogado.

Teixeira da Mota esclarece que o hacker tem vindo a colaborar com as autoridades francesas há cerca de dois anos, com as autoridades alemã e belgas, bem como outros países que preferem manter o sigilo.

Em tribunal, Rui Pinto alegou uma "questão de vida ou de morte" para não ser extraditado para Portugal, mas a justiça húngara acabou por decidir pela extradição. O jovem português aguarda, agora, pela decisão do recurso.

O hacker estava em prisão domiciliária em Budapeste desde 18 de janeiro, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports' e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do Sporting e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a 'Doyen' e vários clubes de futebol.

Inês André de Figueiredo com Miguel Videira