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Maduro expulsa embaixador alemão sob acusação de "recorrentes atos de ingerência"

FILE PHOTO: German ambassador to Venezuela Daniel Martin Kriener delivers a news conference next to Venezuelan opposition leader Juan Guaido, who many nations have recognized as the country's rightful interim ruler, and accredited diplomatic representatives of the European Union in Caracas, Venezuela February 19, 2019. REUTERS/Marco Bello/File Photo REUTERS

O diplomata alemão tem 48 horas para deixar o país. Berlim avisa que expulsão de Daniel Martín Kriener provoca uma "escalada de tensão" entre ambos os países.

A Venezuela declarou esta quarta-feira 'persona non grata' o embaixador da Alemanha em Caracas, Daniel Martín Kriener, a quem acusa de "recorrentes atos de ingerência" nos assuntos internos e deu-lhe 48 horas para sair do país.

"Concede-se ao Sr. Kriener um período de 48 horas para deixar o território da República Bolivariana da Venezuela", lê-se num comunicado do Ministério de Relações Exteriores venezuelano.

A medida é justificada com a alegada ingerência do diplomata alemão nos assuntos internos da Venezuela.

"A Venezuela é irrevogavelmente livre e independente, de modo que não são nem serão admitidas ações de representantes diplomáticos que impliquem uma ingerência em assuntos da competência exclusiva do povo e das autoridades do Estado venezuelano", salienta a nota.

No documento, as autoridades venezuelanas consideram "inaceitável que um representante diplomático estrangeiro exerça, no seu território, um papel público mais próprio de um dirigente político em claro alinhamento com a agenda de conspiração de setores extremistas da oposição venezuelana".

Segundo Caracas as atividades de Daniel Martín Kriener "não apenas contravêm normas básicas essenciais que regem as relações diplomáticas, inclusive contradizem o claro critério expressado pelo próprio serviço jurídico do parlamento federal alemão, que estabeleceu, através de um relatório público, que a posição do governo alemão, na atual conjuntura política venezuelana constitui um ato de ingerência ilícita' em assuntos internos".

Assim como "também se considera um ato hostil e não amigável, que se soma a outras ações de grosseira interferência em assuntos internos da Venezuela", acrescenta, sem precisar que tipo de ações se tratam.

O documento conclui afirmando que a "Venezuela reitera a sua vontade de manter uma relação de respeito e cooperação com todos os governos da Europa, para o qual será indispensável que adotem uma atitude de equilibro construtivo que, longe de encorajar cursos golpistas e violentos, facilitem uma solução pacífica e dialogada entre os atos políticos venezuelanos".

Daniel Martín Kriener foi um dos embaixadores europeus que receberam na segunda-feira, no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que regressava de um périplo por vários países da região.

Guaidó, que é presidente do parlamento venezuelano (onde a oposição detém a maioria) já questionou a expulsão do embaixador.

"Hoje, o regime, quem usurpa funções, que não tem qualidades para declarar ninguém 'persona non grata (...) simplesmente exerce coação, é simplesmente uma ameaça e assim deve ser tomada pelo mundo", disse aos jornalistas.