Cultura

Teatro São Luiz celebra 125 anos. "Sobreviveu a tudo"

RUI COUTINHO

Foi apresentado o programa que marca as comemorações dos 125 anos do Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa.

Começou por ser da rainha, Dona Amélia, depois passou para a Republica, foi São Luiz Cine e já nos anos 70 transformou-se em municipal. Na mesma rua da sede nacional da PIDE, na António Maria Cardoso, o Teatro São Luiz atravessou todos os grande momentos da história recente do país, salvou-se de um incêndio, foi remodelado, transformado, adaptado, criado, um sobrevivente, é a pergunta para a atual diretora artística Aida Tavares, um sobrevivente, que passou por muito mas que hoje mantém um brilho de uma programação constante e reconhecível.

A 22 de maio, dia da abertura do Teatro Dona Amélia, o agora Teatro Municipal São Luiz vai fazer a mesma opereta que abriu o Teatro Jacques Offenbach com a "Filha do Tambor Mor", uma ideia que passa pelos jovens que assumem o futuro e a memória do passado. A Cantar vão estar jovens cantores das escolas de música de Castelo Branco, ou de Aveiro ou do Porto, o estudo da opereta fez parte do programa curricular, os técnicos também vão ser alunos que vão ajudar a encenação de António Pires e a orquestra vai ser a clássica da Orquestra Metropolitana de Lisboa que engloba professores e alunos.

O Teatro São Luiz não foi lugar de conspiração contra o anterior regime, até porque tinha uma traça aristocrática, mas a censura também usou ali o lápis azul, em momentos que marcaram a vida do teatro. O programa da marca dos 125 anos do teatro São Luiz percorre vários momentos também das últimas programações, um longo programa para ver com detalhe, mas podemos agora mesmo sublinhar o primeiro de todos já amanhã, espetáculo guiado, uma ideia encomendada a André Murraças para fazer uma espécie de visita guiada, onde encontra muita gente, incluindo as duas irmãs fantasmas que vivem, vivem mesmo no Teatro São Luiz.

Uma sala maior que tem o nome de Luís Miguel Cintra Homenageado em 2016, a sala estúdio Mário Viegas que lhe pertenceu em conjunto com Juvenal Garçês e o Jardim de Inverno, no primeiro andar, são 125 anos de muitas palavras a ecoarem num teatro, que já muita coisa e que hoje quer ser teatro de corpo inteiro, neste mundo moderno onde se manda desligar os telemóveis para ouvir o que passa no palco.