O segundo debate às Europeias ficou marcado por discussões relacionadas com o crescimento do populismo na Europa, pelo Brexit e pela ausência de Pedro Marques no encontro.
Apesar do cabeça de lista do PS às europeias não ter participado no debate da TSF, foi a figura central logo no arranque da emissão. Pedro Marques foi substituído por Manuel Pizarro, o que valeu críticas por parte dos restantes participantes.
Paulo Rangel acusou o PS de fugir ao debate e de ter medo de apresentar as propostas para a Europa: "É pena que haja esta desconsideração do cabeça de lista do PS por um debate em que estão praticamente todos os cabeças de lista. De que te medo Pedro Marques?"
O eurodeputado do PSD acusou ainda Pedro Marques de "estar descredibilizado" e de "ter medo confronto".
Nuno Melo, cabeça de lista do CDS às europeias, também atacou Pedro Marques, garantindo que o candidato pelo PS vai para Bruxelas com outros objetivos. "Não estranho nada que não esteja aqui o candidato Pedro Marques porque não é candidato ao Parlamento Europeu, é candidato a comissário europeu."
Paulo Rangel criticou ainda a lista do PS as eleições, acusando o partido "empacotar antigos ministros e com antigos secretários de estado que vão fazer a sua reforma para Bruxelas".
Questionado sobre a integração na lista do PS para as europeias em nono lugar, Manuel Pizarro respondeu ter esperança que o partido aumente o número de deputados, sublinhando que "o PS fez uma opção da qual me orgulho".
Movimentos populistas na Europa
O debate ficou marcado também pela discussão sobre o crescimento de movimentos populistas na Europa, com Nuno Melo, cabeça de lista do CDS a defender que "a corrupção é a primeira das razões que justifica a ascensão dos populismos e dos nacionalismos e que corrói, todos os dias, os alicerces do projeto europeu".
O CDS-PP foi um dos partidos a apoiar o afastamento do PPE do atual primeiro-ministro da Hungria e do seu partido, o Fidesz, acusados de violar valores europeus.
Ainda assim, o eurodeputado do CDS defende que "devemos todos tentar que a Hungria se mantenha dentro da lógica da democracia, da lógica dos estados de direito democráticos. Se pedagogicamente se conseguir que alguém como Viktor Orbán e o Fidesz se recoloquem na lógica das democracias, isso terá vantagem de garantir que um país como a Hungria não resvala para as ditaduras".
Por outro lado, João Pimenta Lopes, eurodeputado do PCP, considera que são as políticas de Bruxelas a motivarem o crescimento do populismo na Europa, através do "ataque a direitos sociais, do ataque a direitos laborais, de ofensiva contra a soberania dos povos, o alimentar de políticas xenófobas".
António Marinho Pinto, cabeça de lista do Partido Democrático Republicano, defende que o populismo não se cinge apenas à direita e garante haver também extremismo entre movimentos de esquerda. "Populismo de esquerda é votar contra o orçamento da União Europeia (UE) que garante 12 milhões de euros por dia para Portugal."
Questionada sobre o apoio que deu ao Syriza da Grécia, que entretanto se coligou com o partido nacionalista grego, Marisa Matias do Bloco de Esquerda garante que já não se identifica com a trajetória do governo de Alexis Tsipras. "Eu apoiei Alexis Tsipras na sua campanha, não me arrependo. Acho que depois o comportamento do governo de Alexis Tsipras está muito longe do que estava no programa eleitoral (...) mas isso não chega para chamá-los populistas."
Brexit
A saída do Reino Unido da União Europeia também dominou parte do debate da TSF na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Paulo Rangel considera "para Portugal, a saída do Reino Unido é uma tragédia. Prefiro uma Europa menos integrada com um Reino Unido dentro, do que com o Reino Unido fora". O cabeça de lista do PSD defende que o Reino Unido representa a visão atlântica da Europa, necessária a Portugal, acrescentando que assim que o Reino Unido sair da União, a Europa vai sofrer uma grande perda no campo da geopolítica.
Marisa Matias defende que a UE deve prolongar o prazo para a saída mas a eurodeputada não entende a razão para os britânicos pedirem um prolongamento durante o período em que as instituições europeias não estão a funcionar. "Três meses, desculpe dizê-lo desta forma frontal, é estúpido. Porque três meses é abril, maio e junho. São meses em que não existe Parlamento Europeu, em que não existe Comissão Europeia. Não estão a funcionar."
Paulo Rangel também defende uma extensão que pode ir bem para além dos três meses. "Seja três meses, seja nove meses, seja um ano, seja dois, nós devemos dar essa extensão", desde que se mantenham as mesmas condições.
Já o eurodeputado do PCP critica a atuação da UE nas negociações e acusa Bruxelas de usar o Brexit como um exemplo para outros estados-membros. "A UE tem estado, desde o início, apostada em fazer da saída do Reino Unido da UE um ato exemplar, que demonstre que não há alternativa às políticas da UE. Nós temos uma visão distinta. Deixem os povos decidir."
Os eurodeputados Paulo Rangel (PSD), João Pimenta Lopes (CDU), Nuno Melo (CDS), Marisa Matias (BE), António Marinho e Pinto (PDR) e o candidato a eurodeputado Manuel Pizarro (PS) discutiram grandes questões que interessam à União Europeia num debate moderado por Ricardo Alexandre em direto a partir da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).