Saúde

"Negligência médica." Exames de doentes com cancro suspensos em hospital do Funchal

Funchal 08 01 2011 Hospital Nelio Mendonca Foto: Helder Santos Aspress Hospital Nelio Mendonca DR

O coordenador da Unidade de Medicina Nuclear do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, fala em "negligência médica" e acusa o Serviço de Saúde regional da Madeira de "assédio moral". O médico diz que utentes estão a ser desviados para o setor privado.

Os exames urgentes a doentes oncológicos estão suspensos no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal. A presidente do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM), Tomásia Alves, confirmou, esta manhã, que foi dada ordem para a suspensão dos exames no hospital público.

A suspensão dos exames acontece na sequência de acusações feitas pelo próprio coordenador da Unidade de Medicina Nuclear, Rafael Macedo, que foi ouvido em comissão parlamentar de inquérito, esta quarta-feira.

Perante o parlamento regional, o médico denunciou casos de negligência médica no SESARAM, a falta de relatórios da história clínica dos doentes, a não prescrição de exames e tratamentos necessários e outros problemas nos serviços de Hemato-Oncologia, Urologia e Ortopedia do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

Já esta manhã, Rafael Macedo revelou, na sua página de Facebook, que "por ordem da Direção Clínica do SESARAM e do Conselho de Administração, os exames urgentes de doentes oncológicos da Medicina Nuclear foram cancelados", sem que lhe tivesse sido prestada qualquer informação.

"Que se chame a Polícia!", exalta o médico, na publicação feita na rede social, adiantando que esta manhã foram cancelados quatro exames para pesquisa de cancro da pele e um de cancro na mama e mais outro seis exames urgentes para avaliação de cancro nos ossos.

Em declarações à TSF, Rafael Macedo fala em "assédio moral" por parte do SESARAM e diz que o que está a ser feito aos doentes "é muito grave".

"Existe um ambiente de medo de repressão e represálias", afirma. O médico garante que os serviços hospitalares estão a ser "boicotados" para "obrigar" os utentes a fazer exames no setor privado.

O médico admite que os doentes "podem ser, posteriormente, ressarcidos, mas se não tiverem esse dinheiro não fazem o exame. E se não fazem o exame, é deixado a pessoa chegar ao limite até entra no hospital já em estado de emergência".

Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, no Funchal, a presidente do SESARAM confirmou o cancelamento dos exames, mas repudiou as acusações de Rafael Macedo, que classificou como "infundadas, falsas e injuriosas".

"É inequívoca a idoneidade e competência dos profissionais de saúde que nesta casa prestam os seus serviços", declarou, reiterando a confiança nos médicos do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

Tomásia Alves garantiu ainda que os exames aos doentes com cancro serão retomados, assim que houver condições para tal.

*com Ana Sofia Freitas e Cristina Lai Men

Rita Carvalho Pereira*