Mais de 50 filmes vão passar pela 12ª Festa do Cinema Italiano, em Lisboa, incluindo uma retrospetiva completa de Nanni Moretti. A TSF conversou com o diretor do festival que selecionou cinco filmes essenciais.
"Felizmente, tem saúde. O cinema italiano contemporâneo tem saúde", começa por declarar Stefano Savio, o diretor da Festa do Cinema Italiano que acontece em Lisboa há 12 anos.
Esta quinta-feira foram exibidos "O Carteiro de Pablo Neruda", no El Corte Inglés, e "Santiago, Itália", na Cinemateca Portuguesa, mas a abertura oficial da 12.ª edição acontece esta sexta-feira, com a antestreia do filme "Noites Mágicas", de Paolo Virzì, entre o film noir e a comédia satírica. A sessão de encerramento, no dia 14 de abril, fica a cargo do mais recente filme de Valeria Golino, "Euforia".
São mais de 50 os filmes que vão ser exibidos, sete deles na secção competitiva, mas o diretor do certame destaca a retrospetiva de Nanni Moretti, um realizador "ainda em atividade, com muito bom cinema, com uma filmografia muito interessante para uma retrospetiva completa, exaustiva, a maior já feita em Portugal, com curtas-metragens inéditas e todos os filmes realizados pelo realizador romano". Stefano Savio convidou Nanni Moretti para visitar Lisboa, mas o cineasta já está a rodar o próximo filme.
Durante o festival, haverá muitas antestreias, uma sessão especial dedicada à arte italiana, "A Grande Arte do Cinema", que vai apresentar documentários como "Michelangelo- Infinito", de Emanuele Imbucci, e "Leonardo 500", de Francesco Invernizzi. Uma atenção à arte que também se reflete na imagem escolhida para os cartazes deste ano.
Stefano Savio defende uma ideia de um festival que transcende o cinema e procura novas formas de atrair o público, com eventos, concertos e até gastronomia. Este ano, a Festa do Cinema Italiano vai passar por mais de 15 cidades portuguesas - Coimbra (9 a 11 de abril), Almada (10 a 13 de abril), Porto (10 a 14 de abril), Setúbal (11 a 14 de abril), Alverca do Ribatejo (12 e 13 de abril), Penafiel (13 e 14 de abril), Moscavide (13 e 14 de abril), Aveiro (15 e 16 de abril), Viseu (1 a 3 de maio), Abrantes (1, 8 e 15 de maio), Beja (7 a 9 de maio), Caldas da Rainha (8 a 10 de maio), Évora (14 a 17 de maio), Tomar (14 a 18 de maio), Loulé (23 a 26 de maio), Funchal, Angra do Heroísmo e Santa Cruz da Graciosa ainda com datas por anunciar - e chega a 16 cidades do Brasil, a Angola, Moçambique e está a tentar chegar a Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Cinco escolhas, cinco filmes
Desafiado pela TSF a selecionar cinco filmes imperdíveis nesta edição da Festa do Cinema Italiano, o diretor do festival destacou "Il primo re", de Matteo Rovere, "uma história intemporal, de amor, sangue e conflito. Dois irmãos em luta, sós no mundo. Num reside a força do outro, uma ligação destinada a transformar-se na lenda de Rómulo e Remo". Trata-se de uma das produções italianas mais ambiciosas dos últimos anos.
"Likemeback", de Leonardo Guerra Seràgnoli, é a segunda escolha de Stefano Savio. Um filme sobre os jovens a o fascínio das redes sociais. O realizador vai estar presente em ambas as sessões, 7 e 9 de abril, no Cinema São Jorge.
A terceira escolha vai para "Io sono Tempesta", de Daniele Luchetti, um filme inspirado, em parte, em Silvio Berlusconi. O realizador vai estar em Lisboa a 8 de abril.
Em quarto lugar, Stefano Savio destaca um filme da Netflix que vai ser exibido pela primeira vez numa sala de cinema. "Sulla mia pelle", de Alessio Cremonini, conta a "história verídica de Stefano Cucchi, preso por um crime menor relacionado com posse de drogas leves, vítima de violência policial na esquadra. O filme conta a última semana da vida deste jovem italiano, cuja morte comoveu a Itália". Em Lisboa, a sessão conta com a presença do ator, Alessandro Borghi.
Por fim, a última escolha recai no filme de encerramento da Festa do Cinema Italiano. "Euforia", de Valeria Golino, é um filme sobre dois irmãos com personalidades opostas, cuja "vida vai forçá-los a reviver uma situação difícil, que vai culminar num conhecimento mais profundo um do outro, num vórtex de fragilidade e euforia".