Douglas Garcia foi eleito defendendo a verdade, a ética e a moral, em harmonia com o discurso de Bolsonaro, e chegou a oferecer bofetadas a um transexual.
A sessão na assembleia estadual de São Paulo da última quinta-feira aqueceu.
Tudo começou quando o deputado Altair Moraes, do PRB, apresentou um projeto-lei a estabelecer o sexo biológico como único critério para a participação em competições desportivas no estado de São Paulo.
Em causa, a jogadora de voleibol Tiffany Abreu, que até jogou em 2008 pelo Esmoriz, de Portugal, ainda como Rodrigo Abreu, e que depois de ter mudado de sexo tem vindo a atuar em competições femininas no Brasil.
Na sequência, Erica Malunguinho, deputada transexual pelo PSOL, foi ao púlpito dizer que o projeto visava enfraquecer uma faixa da população já de si tão castigada pela sociedade.
Foi a vez então de Douglas Garcia, do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, pedir a palavra para defender o projeto de Moraes. Na sua argumentação, disse que se por acaso visse algum transexual entrar na casa de banho das mulheres, com a sua mãe ou a sua irmã lá, a tiraria à bofetada do local e em seguida chamaria a polícia.
O PSOL exigiu então a perda de mandato de Garcia, que ainda ensaiou um pedido de desculpas em plenário.
No dia seguinte, sexta-feira, Janaína Paschoal, que é a líder parlamentar da bancada do PSL, pediu a palavra.
E surpreendeu toda a gente ao dizer que, horas depois do ataque aos transexuais, o seu colega Douglas Garcia comunicara aos pais que era gay.
Garcia acrescentou então, constrangido, que se vira obrigado a assumir a homossexualidade depois de amigos terem ameaçado revelar a sua orientação sexual, ao terem conhecimento do seu ataque a Erica Malunguinho.
Garcia, que se elegeu defendendo a verdade, a ética e a moral, em harmonia com o discurso de Bolsonaro, afirmou que a revelação da sua sexualidade, mesmo assim, não alterará a sua oposição às causas LGBT.