Associação Académica de Coimbra recria final da Taça de Portugal de 1969 para celebrar os 50 anos da crise estudantil. Jogo que opôs Benfica e Académica, no Estádio Nacional, em Oeiras, foi palco da maior manifestação estudantil de sempre em Portugal.
Com dezenas de estudantes presos pelo regime de Marcelo Caetano em 1969, a revolta do movimento estudantil estava no auge e a final da Taça de Portugal acabou por ser palco do maior protesto estudantil de sempre em Portugal.
Impulsionado pelas capas negras de Coimbra, o jogo que opôs o Benfica e a Académica, a 22 de junho de 1969 no no Estádio Nacional, em Oeiras, ficou para a história como o comício mais expressivo contra a ditadura.
Depois de uma primeira parte sem indício de protestos, ao intervalo começaram a surgir cartazes nas bancadas contra a Primavera Marcelista. "Melhor ensino, menos polícias", "Estudantes Unidos" e "Universidade Livre" são exemplos de expressões que foram utilizadas pelos estudantes há 50 anos.
Ouvido pela TSF, o presidente da Associação Académica de Coimbra (ACC), Daniel Azenha, explica a importância da recriação desta tarde: "A final da Taça foi o maior ajuntamento de estudantes e a maior manifestação estudantil de todos os tempos em Portugal e teve uma força brutal pela luta pela liberdade e pela democracia."
Tal como há 50 anos, não vão faltar capas negras e cartazes no relvado e nas bancadas: "Os jogadores vão entrar de capa aos ombros e vamos ter faixas pelo estádio com frases que foram usadas no estádio em 1969 na final da Taça e em manifestações", avança Daniel Azenha.
Em 1969, o Benfica venceu a Académica por 2-1, com golos de Simões e Eusébio. O clube de Coimbra não conquistou a taça, mas os estudantes fizeram história e o regime de Marcelo Caetano tremeu.
A encenação organizada pela ACC vai decorrer esta tarde no jogo entre a Académica e o Mafra, às 18h00 no Estádio Municipal de Coimbra.