O popular Zé do Cozido mudou de nome e de local, para um espaço mais alargado e moderno. A essência da cozinha, bem portuguesa, manteve-se, tal como o tradicional cozido à 5.ª feira.
«Cozinhar não é um serviço; cozinhar é um modo de amar os outros».
A frase, do escritor moçambicano Mia Couto, figura num restaurante lisboeta aberto no início deste ano e que aposta na cozinha portuguesa. Algo de relevante nestes tempos em que a restauração dos grandes centros urbanos passa por evidente descaracterização, tão forte é a onda dos novos espaços em que predominam outros conceitos e culturas gastronómicas.
Afastado dos roteiros da moda, fica o chamado Bairro dos Actores, o primeiro criado em Lisboa, nos anos 30 do século passado. É lá que fica a Rua Actor Isidoro, homem do teatro, figura popular dos palcos no século XIX, mencionado por Camilo Castelo Branco nas «Novelas do Minho».
Naquela artéria, vizinha da Alameda D. Afonso Henriques, o restaurante Harmonia afirma-se pela modernidade do espaço e tradição na cozinha. É a sequência, ditada pelo sucesso, do popular Zé do Cozido. Os 40 lugares eram insuficientes e a solução passou pelo investimento num espaço alargado, com dois pisos e uma capacidade para 130 comensais.
O nome do restaurante é, de algum modo, homenagem de um filho - Marco Costa --- ao Harmonia da Beira, a casa da Penha de França gerida pelos pais e que teve porta aberta durante mais de três décadas.
Neste novo espaço, o vinho é o elemento preponderante na decoração: há rolhas nas paredes, copos no teto, pedaços de barricas e, logo à entrada, garrafas e um pequeno bar. Sugestiva a localização da cozinha, bem à vista, a criar a ilusão de estar dentro de uma pipa.
A modernidade e dimensão do espaço não alteraram a filosofia da casa, fiel à cozinha portuguesa, apresentada de uma forma contemporânea.
O ex-líbris da casa -cozido portuguesa - mantém-se à quinta-feira, mas há pratos do dia - favas com entrecosto ou feijoada de choco - e outras propostas sugestivas e com a marca da novidade: arroz de lavagante; robalo ao sal e cataplana de garoupa, nas opções para duas pessoas; espatada de polvo com gambas, acompanhada com batata a murro.
Nas carnes, destacam-se o cabrito assado no forno e dois bifes: à portuguesa, com presunto, alho e louro e, para dois comensais, à Harmonia, com molho de vinho tinto, natas e cogumelos, coroado com um camarão grelhado.
A carne maturada é outra aposta, graças à instalação de duas câmaras frigoríficas.
Entre as horas das refeições principais, há vários petiscos sempre prontos: carapau de escabeche; gambas ao chef fritas com alho e vinho moscatel; ovos mexidos com farinheira; salada de orelha de porco, entre outros.
Nas sobremesas, destaca-se a mousse de chocolate da casa.
Boa garrafeira. Serviço eficaz e simpático neste restaurante de cozinha portuguesa com base tradicional e bem apresentada. Harmonia. Em Lisboa.
Onde fica:
Localização: Rua Actor Isidoro 3, 1900-014 Lisboa
Telef.: 21 849 60 48