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"O povo brasileiro não merece ser governado por um bando de malucos"

Álvaro Isidoro/Global Imagens

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva deu uma entrevista onde falou sobre o atual Presidente do Brasil, Sergio Moro, a justiça e até sobre o neto, que morreu aos sete anos.

Lula da Silva diz que "o povo brasileiro não merece ser governado por esse bando de malucos", referindo-se ao Governo de Jair Bolsonaro.

Em entrevista conjunta aos jornais Folha de S. Paulo e à edição brasileira do El País, autorizada apenas um ano depois da sua detenção, o antigo Presidente comparou o tratamento que a imprensa lhe dá com o que reserva ao atual Presidente da República.

"Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?", questionou, referindo-se ao facto de o filho do Presidente, Flávio Bolsonaro, ter empregado familiares de um miliciano foragido da polícia no seu gabinete quando era deputado estadual pelo Rio de Janeiro, entre outras ligações vindas a público.

Sobre a possibilidade de vir a morrer na prisão, diz não se importar e atacou o ex-juiz, hoje ministro da justiça, Sergio Moro. "Não tem problema, eu tenho certeza de que durmo todo dia com a minha consciência tranquila. E tenho certeza de que o Moro não dorme", frisou.

"Eu tenho tanta obsessão de desmascarar o Moro. Eu ficarei preso 100 anos, mas não trocarei a minha liberdade pela minha dignidade. Eu quero provar a farsa montada", acrescentou Lula da Silva.

Num momento mais privado, o ex-Presidente chorou frente aos jornalistas dos dois órgãos de comunicação quando falou da morte do neto Artur, de sete anos, vítima de uma bactéria, há um mês: "Eu às vezes penso que seria tão mais fácil se eu tivesse morrido. Eu já vivi 73 anos, poderia morrer e deixar o meu neto viver."

Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex de Guarujá por oito anos e 10 meses, uma pena reduzida esta semana pela terceira instância que lhe permitirá, à partida, transitar para regime de prisão domiciliar em setembro.

As entrevistas de ontem surgiram depois de uma longa batalha judicial. Os jornalistas e repórteres de imagem presentes tiveram de ficar a uma distância de quatro metros sem se puder aproximar.