O líder social-democrata aproveitou uma visita a Mira para enviar um recado a António Costa: diz que não sai da liderança do partido caso não consiga vencer as Europeias.
O presidente do PSD, Rui Rio, desvalorizou hoje as sondagens que apontam a derrota no partido nas europeias e garantiu que "seria irresponsável" qualquer cenário de demissão a quatro meses das legislativas.
No final de uma ação de campanha na praia de Mira, Rio foi questionado se será um mau resultado o PSD manter os seis deputados que tem atualmente no Parlamento Europeu.
"Não é o resultado que nós esperamos", admitiu, reiterando, como tem dito ao longo da campanha, que "um bom resultado é crescer bastante" em relação a 2014 e um "muito bom resultado" será vencer as eleições.
Questionado se admite sair da liderança do PSD em caso de um mau resultado nas europeias, Rio respondeu negativamente.
"Acha minimamente sensato, estamos no fim de maio, com eleições em outubro e o verão de permeio? Era um irresponsável se fizesse isso. Eu não ameaço com demissões por questões de interesse partidário, isso nunca faria", afirmou, numa alusão à recente ameaça de crise política por parte do primeiro-ministro, António Costa, devido ao tempo de serviço dos professores.
Sobre as várias sondagens que têm apontado uma derrota do PSD no domingo, o líder do PSD lembrou outras ocasiões em que estes estudos se enganaram e assegurou que o PSD não vai mudar a sua campanha nos últimos dois dias.
"Vamos continuar a fazer campanha de forma normal, a transmitir as mensagens que temos vindo a transmitir", garantiu.
Na mesma linha, o cabeça de lista, Paulo Rangel, reiterou que o objetivo do PSD é ganhar.
"Esse objetivo está de pé, mas é que está mesmo de pé", sublinhou, assegurando que o PSD vai continuar a trabalhar "até ao último segundo" para convencer os portugueses a irem votar, primeiro, e depois a votarem no PSD.
Rui Rio escusou-se a comentar uma outra sondagem, desta vez relativa às legislativas de outubro.
"A dois ou três dias das eleições europeias, estar a fazer sondagens sobre legislativas não vejo lógica muito grande. A não ser que amanhã saia uma para as legislativas de 2023", ironizou.
Sobre o facto de não ter estado presente quando outros ex-líderes do PSD se juntaram à campanha -- Passos Coelho, Ferreira Leite e Luís Filipe Menezes -, Rio salientou que "a campanha é protagonizada em primeiro lugar" por Paulo Rangel.
"Quando está um ex-líder junto de um cabeça de lista, há peso suficiente, já não é preciso ajudar mais", justificou.
Rio e Rangel na praia... de fato
De fato e gravata, Rui Rio acompanhou Paulo Rangel, também de blazer e sapatos formais, numa ação de campanha na praia de Mira para defender a arte xávega, com o presidente do PSD a ser 'confundido' com Pedro Santana Lopes.
"Deve ser a primeira vez que venho à praia de fato e gravata", afirmou Rui Rio, quando percebeu que a iniciativa incluía uma ida até à beira-mar para conhecer os problemas desta forma de pesca artesanal à rede.
A seguinte ação de campanha seria uma visita à Biocant, um parque de biotecnologia em Cantanhede, que já justificava o traje formal.
Na praia, os pescadores relataram os problemas da arte xávega, que está incluída nas quotas pesqueiras tradicionais, já tendo conseguido exceções para algumas espécies, como o carapau pequeno.
"Enquanto deputados europeus, a primeira coisa que podemos fazer é, junto do Governo, chamar a atenção para este aspeto (...) Se Portugal tomar as medidas certas pode haver um regime excecional e com isso proteger esta forma de pesca, que é muito residual e não impacto nenhum de especial", defendeu o cabeça de lista do PSD às europeias, admitindo que a arte xávega até poderia ficar de fora das quotas de pesca.
Rio e Rangel assistiram depois à retirada das redes do mar puxadas por tratores, e não eram os únicos.
D. Elisa e a amiga apanhavam o sol de fim de tarde e aproveitaram para cumprimentar o líder do PSD, mas pensando que seria um outro antigo presidente do partido, agora à frente da Aliança.
"Está todo lindo, parece um homem novo, aí engravatado. Ficámos cheias de pena quando aconteceu aquele negócio do acidente, até ficámos de luto um pouco e agora até ressuscitou, mas para melhor", saudou D. Elisa.
Alguns membros da comitiva apressaram-se a avisar que "não foi este senhor" e Rio prosseguiu a conversa.
"Acidentes tenho tido, mas escapo sempre. Agora estou a ter um, que é estar assim vestido no meio da praia", gracejou.
Já depois do presidente do PSD se ter afastado, os jornalistas confirmaram que a confusão era mesmo com Pedro Santana Lopes, o fundador da Aliança, que teve um acidente de viação na semana passada e ainda não regressou à campanha eleitoral.
Ainda assim, D. Elisa desejou boa sorte também a este líder dos sociais-democratas.
"É tudo gente boa, força, não vai para lá nenhum melhor", afirmou.
Esta foi a terceira ação de campanha de Paulo Rangel na praia, depois de distribuir os seus brindes eleitorais em Matosinhos e de uma iniciativa em defesa da economia azul em Ovar.