Europeias 2019

Em França, "o voto conta a dobrar". Apenas 45% dos eleitores votam nas Europeias

A French flag flutters in the sky over the Elysee Palace in Paris, France, December 10, 2018. REUTERS/Philippe Wojazer REUTERS

Em França, as sondagens apontam para uma fraca participação nas eleições europeias deste domingo. As 34 listas procuram mobilizar os seus eleitores nos últimos dias desta campanha de curta duração.

D"A República Em Marcha à União Nacional, do partido Os Republicanos ao Partido Socialista, os candidatos às Europeias estão preocupados com a abstenção. As formações políticas temem ficar prejudicadas com os resultados do escrutínio de 26 de maio.

Segundo as últimas sondagens, menos de um eleitor em dois vai votar para eleger eurodeputados. Apenas 43% confirmam votar este domingo, revela um estudo do centro Ipsos-Sopra Steria.

Estes dados conseguem prever uma fraca participação, apontando para o facto de que apenas 41% a 45% dos eleitores franceses participará no escrutínio de domingo. "A participação ronda os 45% dos votos, cada voto conta a dobrar", calcula um diretor de campanha.

A incerteza mantém-se quanto ao partido favorito nesta eleição. Na corrida ao primeiro lugar está o partido de extrema-direita, União Nacional, e o partido no poder, A República Em Marcha. As duas formações procuram conquistar os seus eleitores antes de tentar tirar votos aos adversários.

"Dos 8,5 milhões de eleitores que votaram Emmanuel Macron na primeira volta das eleições presidenciais, apenas metade decidiu ir votar no domingo. Os outros, é preciso voltar a conquistá-los", afirmou o delegado geral-adjunto do partido no poder, Pierre Person.

Para convencer os abstencionistas, cada partido cria as suas estratégias. A União Nacional multiplicou as ações de campanha em salas de festividades "na França dos esquecidos", regiões onde o partido de extrema-direita de Marine Le Pen conseguiu os melhores resultados nos últimos anos. Uma estratégia também ela adotada pelo partido Os Republicanos que focou as atenções nas regiões que votam tradicionalmente à direita, como é o caso do sudeste francês.

Para apelar ao voto e evitar a dispersão política, entre as 34 listas a participarem no escrutínio, quase todos os candidatos se apresentam como sendo "o único voto útil possível". É o caso do Presidente francês, para quem o partido Em Marcha seria o "único meio" de fazer frente à extrema-direita, tanto em França como na Europa.

Para o chefe de Estado francês não ir às urnas este domingo é alinhar nos jogos "populistas". "Não votar este domingo é dar voz aos que só querem destruir", afirmou Emmanuel Macron. Para outro responsável político do partido no poder, "é mais fácil mobilizar os eleitores alertando-os para o risco da extrema-direita, do que os convencer com o nosso projeto".

A estratégia do voto útil é também usada pela líder da União Nacional. No início do ano, Marine Le Pen lembrava que "a ideia de passar à frente de Macron nas eleições é um argumento que, incontestavelmente, vai levar as pessoas a votar".

O cabeça de lista do Partido Socialista (PS), Raphaël Glucksmann, apresenta-se como "voto eficaz" para levar os sociais-democratas a serem uma maioria em Estrasburgo. "Votar no Partido Socialista, é a oportunidade histórica de levar o Parlamento europeu à esquerda" afirma o PS. Numa esquerda dividida, cada lista quer ser a única capaz de encarnar o "voto útil".

O mesmo acontece entre os comunistas e a "França Insubmissa". O partido comunista lembra aos seus eleitores que precisam de atingir os 5% para eleger eurodeputados. "É preciso entregar forças a uma força política. Essa força política somos nós, a única capaz de encarnar uma alternativa aos duelo Macron-Le Pen", lembra o líder da França Insubmissa Jean-Luc Mélenchon.

Por outro lado, o partido Europa Ecologia - Os Verdes (EELV), entrou na corrida ao "voto útil". O imperativo do partido ecologista é destacar-se das listas concorrentes, a maioria dos partidos também defende o meio ambiente, nomeadamente A República Em Marcha. "Todos falam de ecologia! Mas o problema nāo é nāo falar, é nāo agir! Nós agimos", escreve Yannick Jadot. O cabeça de lista resume o argumento: "O único voto útil para o meio ambiente é o voto verde".