Viena, 01 jul 2019 (Lusa) - A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) realiza hoje a primeira reunião ministerial de 2019, da qual se espera um prolongamento por mais seis ou nove meses do corte da produção de petróleo em vigor no primeiro semestre.
A 176ª conferência ministerial da OPEP, presidida pelo ministro do Petróleo da Venezuela, Manuel Quevedo, está convocada para as 14:00 em Viena (13:00 em Lisboa).
A reunião será precedida, durante a manhã, de outra do comité encarregado de avaliar o cumprimento dos cortes em vigor, que também analisará as últimas evoluções do mercado e com base nestas fazer recomendações durante a reunião ministerial.
Depois do encontro de hoje, os ministros do setor dos 14 membros da OPEP voltarão a reunir-se na terça-feira para participar na sexta reunião com os 10 produtores aliados desde 2016, liderados pela Rússia.
O grupo de 24 países, denominado "OPEP+", decidiu em dezembro passado retirar do mercado 1,2 milhões de barris de petróleo por dia, para tentar fazer subir o preço do petróleo, que tinha caído para menos de 54 dólares por barril.
Apesar da medida ter contribuído para o encarecimento do petróleo nos primeiros meses deste ano, quando o barril se apreciou para níveis acima dos 75 dólares em finais de abril, o auge da produção de petróleo nos Estados Unidos e a desaceleração da procura de petróleo anularam parcialmente a medida dos produtores.
O barril de petróleo Brent está, atualmente, em torno dos 66 dólares, um nível moderado tendo em conta a pressão para a alta que exercem outros fatores importantes.
Entre estes fatores destacam-se a queda das exportações de petróleo do Irão devido às sanções impostas a Teerão por Washington, a quebra da produção da Venezuela devido à grave crise que atravessa o país e os receios de cortes de fornecimento que desperta a escalada das tensões no Médio Oriente.
Os analistas dão como certo que a OPEP+ dará 'luz verde' a um prolongamento do referido acordo até pelo menos finais de 2019 e mais provavelmente até finais de março de 2020, depois da Arábia Saudita, o maior produtor da OPEP, e a Rússia, maior produtor do grupo de aliados, terem alcançado um acordo prévio no sábado no Japão.
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou no sábado que combinou com a Arábia Saudita prolongar o acordo de corte da produção de petróleo, para suster as cotações do petróleo da OPEP.
"Colocámo-nos de acordo. Vamos prolongar este acordo, a Rússia e a Arábia Saudita. Durante que período? Vamos refletir. Por seis ou nove meses. É possível que vá até aos nove meses", declarou Putin aos jornalistas, à margem da cimeira do G20 em Osaka, Japão.
De forma similar, o ministro do Petróleo saudita, Jalid al Falih, afirmou quando chegou no domingo a Viena que o resultado "mais provável" do encontro é uma extensão do corte de produção até 31 de março de 2020.
A OPEP e os dez aliados, que representam metade da produção mundial de petróleo, decidiram em dezembro cortar a produção em 1,2 milhões de barris por dia e a estratégia funcionou, já que o preço do barril subiu cerca de 30% no primeiro trimestre, antes de estabilizar.
"Acreditamos que os nossos acordos de estabilização da oferta (...) tiveram um efeito positivo", afirmou Putin numa entrevista ao Financial Times publicada na semana passada, assegurando que os países produtores iriam procurar em Viena manter a "estabilidade" do mercado, confrontado com um excesso de oferta e uma baixa procura.