São Paulo, 01 jul 2019 (Lusa) - A freira Dulce, que será a primeira mulher nascida no Brasil declarada santa pela igreja católica, será canonizada numa cerimónia, presidida pelo Papa Francisco, a 13 de outubro no Vaticano, relataram hoje fontes religiosas.
A data da canonização foi anunciada pelo bispo presidente do Brasil e arcebispo de Salvador, Murilo Krieger, numa conferência de imprensa na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, uma organização dedicada ao atendimento de pessoas pobres que funciona na Bahia.
"Será uma honra para o Brasil. Enquanto um compromisso, Deus está nos dizendo que é possível ser santo, por isso, siga o exemplo da pequena e modesta irmã Dulce, que tanto fez e mereceu a honra dos altares" afirmou o religioso brasileiro.
De acordo com Krieger, a freira será batizada oficialmente como "Santa Dulce dos Pobres" numa missa no Vaticano, que será celebrada pelo Papa Francisco.
No dia seguinte, acontecerá uma outra cerimónia em sua homenagem na Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma.
No Brasil, uma grande comemoração acontecerá na cidade de Salvador, onde haverá uma celebração no estádio da Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro.
A canonização da religiosa ocorrerá juntamente com a de quatro novos santos da Igreja Católica, entre os quais o cardeal inglês John Henry Newman.
Murilo Krieger destacou que a canonização da irmã Dulce, 27 anos após a sua morte, foi a terceira mais rápida na história da Igreja Católica.
O processo de canonização começou em 2000, quando ela foi considerada uma "serva de Deus". Em 2009, o então Papa Bento XVI, concedeu-lhe o título de "venerável".
Em 2010, a Congregação para as Causas dos Santos reconheceu a autenticidade do primeiro milagre atribuído à irmã Dulce e, um ano depois, a brasileira foi beatificada.
As histórias e provas do segundo milagre atribuído a irmã Dulce só foram enviadas para o Vaticano em 2014, três anos depois da sua beatificação.
Um decreto do Papa Francisco reconheceu o segundo milagre atribuído a religiosa brasileira, que permitirá sua consagração como santa, foi publicado pelo Vaticano em maio.
A canonização converterá a religiosa que dedicou sua vida a servir aos pobres na primeira mulher brasileira a alcançar o status de santa da Igreja Católica.
Nascida em 26 de maio de 1914, em Salvador, capital do estado brasileiro da Bahia, a irmã Dulce morreu na mesma cidade em 13 de março de 1992.
A religiosa dedicou a vida ao apoio dos necessitados e desenvolveu um trabalho social importante na Bahia, onde fundou vários hospitais de caridade e uma rede de apoio social que dirigiu até sua morte, aos 77 anos.
O seu legado inclui uma rede de hospitais e centros de saúde que atende cinco milhões de pessoas por ano e o Centro Educacional de Santo António.
O humanismo e suas obras de caridade levaram o ex-Presidente do Brasil José Sarney a indicá-la para Prémio Nobel da Paz, em 1988.