Lusa

Londres considera "profundamente preocupante" anúncio iraniano sobre nuclear

Londres, 01 jul 2019 (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, considerou hoje "profundamente preocupante" o anúncio do Irão de ultrapassagem do limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido pelo acordo de 2015 relativo ao seu programa nuclear.

"Exorto o Irão a não se afastar mais (do acordo) e a voltar a cumprir as suas obrigações", escreveu Hunt na rede social Twitter.

"O Reino Unido continua determinado a fazer com que o acordo funcione e a utilizar todos os instrumentos diplomáticos para neutralizar as tensões regionais", adiantou o chefe da diplomacia britânica.

O seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif, anunciou hoje que Teerão "ultrapassou o limite de 300 quilogramas" de urânio pouco enriquecido determinado pelo acordo assinado entre o Irão e as grandes potências.

Pouco depois, um porta-voz da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que verifica a aplicação por Teerão do acordo, confirmou o que terá sido a primeira violação do Irão do pacto de Viena.

"A agência verificou a 01 de julho que as reservas totais de urânio enriquecido ultrapassaram os 300 quilogramas" e o diretor geral da AIEA, Yukiya Amano, informou o conselho dos governadores do organismo da ONU, indicou o porta-voz numa declaração escrita.

Nem a AIEA nem Zarif precisaram para já a que nível se situam neste momento as reservas de urânio iranianas.

Em resposta à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar unilateralmente o seu país do acordo em maio de 2018 e de restabelecer sanções contra o Irão, Teerão anunciou a 8 de maio que não se sentia obrigado a continuar a respeitar dois dos seus compromissos no pacto, relativos aos limites das reservas de urânio pouco enriquecido (300 quilogramas) e de água pesada (130 toneladas).

Teerão ameaçou ainda deixar de respeitar a partir de 07 de julho as restrições sobre o grau de enriquecimento de urânio (limitado pelo acordo a um máximo de 3,67%) e retomar o seu projeto de construção de um reator de água pesada em Arak (centro), se os Estados ainda parte do pacto (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia) não o ajudarem a contornar as sanções dos EUA.

O acordo de 2015 determina que Teerão aceite limitações e maior vigilância internacional do seu programa nuclear em troca do levantamento das sanções internacionais.

O anúncio feito hoje por Teerão ocorre num contexto de grande tensão com os Estados Unidos, que faz temer um conflito armado na estratégica região do Golfo.