Praia, 01 jul 2019 (Lusa) - A coordenação da campanha "Menos Álcool, Mais Vida", em Cabo Verde, proclamou o próximo ano como de mobilização nacional de prevenção do alcoolismo e quer instituir o 01 de julho como dia nacional de prevenção desse flagelo.
A informação foi lançada pelo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca durante uma plenária para assinalar o terceiro aniversário da campanha "Menos álcool, mais vida", iniciativa da Presidência cabo-verdiana.
Segundo o chefe de Estado, a coordenação da campanha proclama o período compreendido entre 01 de julho de 2019 e 01 de julho de 2020 como o ano da mobilização nacional de prevenção do alcoolismo.
A nível nacional, Jorge Carlos Fonseca enviou um processo de petição à Assembleia Nacional, com o objetivo de instituir 01 de julho como dia nacional de prevenção do alcoolismo.
Para o Presidente cabo-verdiano, o dia nacional é simbólico, mas importante para a vida dos cabo-verdianos, tal como quando instituiu o 05 de julho como dia da independência ou o 13 de janeiro como dia de liberdade e democracia.
"Também instituir um ano de luta pela prevenção e combate ao alcoolismo é mais uma referência simbólica para a sociedade cabo-verdiana, para a necessidade desta luta que é de todos e, sobretudo, que é uma luta permanente, e é uma corrida de longo fôlego, uma verdadeira maratona", sustentou Jorge Carlos Fonseca.
Na hora de fazer um balanço dos três anos da campanha, o chefe de Estado disse que valeram a pena, enfatizando que "nunca como hoje o problema da necessidade de combate ao alcoolismo e de luta contra o uso excessivo de bebidas alcoólicas esteve tão presente" nas vidas dos cabo-verdianos.
"De certeza que 'menos álcool, mais vida' é uma divisa que é lida, ouvida, programada em todos os cantos do país", completou o chefe de Estado, sublinhando o elevado número de entidades, públicas e privadas, que se associaram à campanha.
"É uma campanha que tem tido um eco extraordinário na sociedade cabo-verdiana e estamos profundamente convencidos de que, com o tempo, a sociedade cabo-verdiana terá um outro figurino, um outro rosto deste ponto de vista de combate ao uso abusivo de álcool", afirmou.
Para Fonseca, o facto de a Presidência da República ter colocado na agenda política e social do país a necessidade deste combate e envolver tantas entidades já é "um grande ganho".
"Mas esta é sempre uma corrida de fundo, é quase uma maratona e temos que envolver cada vez mais a sociedade civil, as câmaras municipais, os media, os artistas e os jovens para ter resultados concretos que se traduzam na redução do uso de bebidas alcoólicas", manifestou.
Em outubro vai entrar em vigor uma nova lei do álcool, aprovada por unanimidade no parlamento, e que o Presidente da República espera que seja apropriada por todos e que seja "efetivamente aplicada e com rigorosa fiscalização".
"Infelizmente, entre nós, muitas vezes e amiúde, nós produzimos leis, boas leis, leis generosas, leis bonitas, mas esquecemos da sua aplicação, da sua fiscalização da sua aplicação", sustentou o chefe de Estado, que deu como exemplo a lei antiga e ainda em vigor, que proíbe a venda e consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.
"Tem que haver rigor, determinação, empenho na fiscalização desta lei. É um bom ponto de partida, entra em vigor em outubro e se for aplicada vai ser uma contribuição muto importante para a redução do consumo do álcool em Cabo Verde", perspetivou.
Na sua intervenção, o diretor nacional da Saúde, Artur Correia, desafiou as câmaras municipais a assumirem um "pacto nacional" para promoverem "festivais sem álcool" no país, como forma de promoverem estilos de vida que afastem o álcool na vida dos cabo-verdianos.
Durante a cerimónia, a coordenação da campanha, liderada pelo chefe da Casa Civil, Manuel Faustino, assinou protocolos com partidos políticos com assento parlamentar, universidades e Cruz Vermelha de Cabo Verde, e homenageou personalidades e instituições parceiras.
Um diagnóstico apresentado em setembro do ano passado apontou que o consumo de álcool e drogas estão entre os principais problemas de saúde dos adolescentes cabo-verdianos.
Entre 2002 e 2015, as famílias cabo-verdianas mais do que duplicaram as despesas com bebidas alcoólicas, que representavam 4% do orçamento familiar.