Caracas, 01 jul 2019 (Lusa) - O líder opositor venezuelano Juan Guaidó convocou hoje marchas nacionais de protesto junto de unidades militares em protesto pela morte do capitão Rafael Acosta Arévalo, devido a alegadas torturas, quando se encontrava sob custódia das autoridades.
"Este 05 de julho, quando completamos 208 anos de independência, vamo-nos mobilizar em todos os Estados da Venezuela, perante as Forças Armadas, a ONU e a comunidade internacional para exigir o fim das torturas, assassínios, violações dos Direitos Humanos e a intervenção cubana", escreveu Juan Guaidó na sua conta na rede social Twitter.
Em Caracas, a marcha, que deverá percorrer uma distância de aproximadamente cinco quilómetros, partirá desde a sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Los Palos Grandes, no leste da capital, até à Direção Geral de Contrainteligência Militar (sede dos serviços secretos militares) em Boleíta Norte (também no leste).
No passado sábado, a advogada e defensora dos Direitos Humanos Tamara Suju denunciou a morte do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, na sequência de alegadas torturas na DGCIM (serviços secretos militares).
"A DGCIM assassinou, à base de torturas, o capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, detido em 21 de junho. Ontem [sexta-feira) chegou ao tribunal em cadeira de rodas, apresentando graves sinais de torturas. Não falava, apenas pedia auxílio ao seu advogado", escreveu na sua conta no Twitter.
Segundo Tamara Suju, durante a sessão em tribunal a vítima "não entendia nem ouvia bem".
"Pediram que se levantasse, mas não se podia mexer. O juiz ordenou fosse levado ao hospital e faleceu hoje pelas 01:00 (06:00 em Lisboa)", precisou.
A morte do militar mereceu várias nacionais e internacionais.
No domingo o Ministério Público venezuelano confirmou ter iniciado uma "exaustiva e científica investigação" pela morte de Rafael Acosta Arévalo.
"O MP designou um procurador com competência em Direitos Humanos para agilizar as diligências correspondentes a fim de determinar as causas desse óbito", segundo um comunicado divulgado em Caracas.
O documento precisa que a vítima "estava a ser apresentada perante os tribunais competentes pela alegada participação numa tentativa de magnicídio e golpe de Estado de 23 de junho" último que o Governo anunciou, recentemente, ter frustrado.