Berlim, 02 jul 2019 (Lusa) - A organização não-governamental alemã Sea-Watch declarou-se hoje determinada a continuar as suas operações de resgate de migrantes no Mediterrâneo "se necessário com um novo navio", após a detenção da capitã do navio da organização em Itália.
"Vamos continuar a defender os direitos humanos no Mediterrâneo, se necessário com um novo navio se o nosso navio (o 'Sea-Watch 3') permanecer bloqueado", indicou Ruben Neugebauer, um dos responsáveis da organização, em conferência de imprensa, em Berlim.
A capitã do navio humanitário "Sea Watch 3", Carola Rackete, vai permanecer em prisão domiciliária, após ter sido ouvida num tribunal em Agrigento (Sicília, Itália) e de o juiz daquela instância ter adiado para hoje uma decisão.
A capitã, de 31 anos, foi detida no sábado depois de ter desafiado a "política de portos fechados" imposta pelo ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, e as autoridades portuárias italianas ao ter atracado, sem autorização, o navio "Sea Watch 3" no porto de Lampedusa.
O objetivo era o desembarque de 40 migrantes resgatados ao largo da Líbia que estavam há mais de 15 dias a bordo do navio humanitário.
Carola Rackete foi colocada em prisão domiciliária em Lampedusa e está acusada de resistência ou violência contra um navio de guerra estrangeiro, bem como da tentativa de abalroamento, por ter chocado com uma patrulha de uma unidade policial militarizada (Guardia di Finanza) durante as manobras no porto de Lampedusa.
É também acusada de ter entrado em águas territoriais italianas sem autorização, acusações que lhe podem valer uma pena de prisão de dois a dez anos.
A Sea-Watch e outras organizações arrecadaram "mais de um milhão" de euros em doações através de várias recolhas 'online' para cobrir em particular, as despesas judiciais da capitã Carola Rackete.
A ONG tem agora "o apoio financeiro necessário para continuar a trabalhar", salientou Neugebauer.
Várias vozes têm apelado à libertação de Carola Rackete. É o caso do ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, que disse na segunda-feira que a capitã deve ser libertada porque o ato foi humanitário e não criminoso.
Portugal, a par de outros quatro países europeus, disponibilizou-se para receber cinco dos migrantes resgatados pelo navio alemão "Sea Watch 3".