Berlim, 02 jul 2019 (Lusa) -- O alegado simpatizante da extrema-direita que confessou em junho o assassínio de um autarca conservador e pró-refugiados alemão decidiu voltar atrás e retirar a sua confissão, divulgou hoje o advogado do suspeito.
"O meu cliente retirou hoje a sua confissão. Não vou dizer mais nada neste momento", afirmou o advogado Frank Hannig, em declarações ao jornal alemão Bild.
A agência de notícias alemã Dpa também relatou, sem citar fontes, que o suspeito, que está detido desde junho, tinha recuado na confissão.
As autoridades alemãs indicaram na semana passada que o suspeito detido, identificado como Stephan Ernst, tinha confessado o assassínio do autarca conservador Walter Lübcke, afirmando na mesma altura que tinha agido sozinho.
As fontes oficiais alemãs referiram então que a investigação ia prosseguir para perceber se existiam cúmplices no crime.
Stephan Ernst, de 45 anos, foi apresentado pelas autoridades alemãs como um simpatizante da extrema-direita que já tinha sido condenado, em 1993, por uma tentativa de ataque contra um centro de acolhimento de migrantes no Estado de Hesse.
O suspeito foi identificado através de vestígios de ADN nas roupas da vítima.
Walter Lübcke, membro da União Democrata-Cristã (CDU, partido da chanceler alemã Angela Merkel), 65 anos, foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, na sua casa nos arredores de Kassel, no Estado de Hesse (centro da Alemanha), a 02 de junho.
Lübcke liderava a autarquia de Kassel e manifestou várias vezes o seu apoio à política de acolhimento de refugiados conduzida pelo Governo de Merkel entre 2015 e 2016.
Na altura, o autarca suscitou a fúria dos movimentos de extrema-direita alemães e foi alvo de ameaças.
Dias depois da morte de Walter Lübcke, Angela Merkel defendeu um combate aos neonazis violentos "sem qualquer tabu".
"Trata-se não apenas de um ato terrível, mas de um grande desafio para analisarmos a todos os níveis onde há tendências de extrema-direita", afirmou então a chanceler alemã, dizendo igualmente o Governo federal estava a levar este assunto "muito a sério".