Política

Acordo PSD-PS? Rio admite possibilidade nas reformas estruturais

Rui Manuel Farinha/Lusa

Apoio a António Costa no parlamento é possível, mas para acordos estruturais. Sobre a permanência na liderança do PSD, Rio diz na TVI que vai depender se é ou não útil ao país.

É uma piscadela de olho aos portugueses com um fim maior: a estabilidade e o bem da nação. Rui Rio admite viabilizar um eventual governo do PS se em causa estiverem acordos e reformas estruturais.

A ideia de Bloco Central não se justifica - "só faz sentido numa situação extremamente grave para Portugal" - mas os acordos merecem-lhe outra atenção, no entanto, diferentes da atual "geringonça". A justificação é de que se trata de "um imperativo nacional" e de que "o país rompa com os estrangulamentos que tem".

"Um acordo no parlamento, seja com um partido ou dois, alargado ou não, e com isso, naturalmente, pondo à frente esse acordo permitir que um outro partido possa governar, um acordo que dê ao país a oportunidade de ter aquilo que precisa e que de outra forma não tem, acho que sim", afirma Rui Rio na TVI.

O líder social-democrata diz que para "9 milhões de portugueses", as tricas políticas não interessam nada e que é por isso que põe o país à frente. "Tanto faz eu estar em primeiro - ganhar - ou eu ficar em segundo e não ganhar", sublinha.

E esse eventual acordo é diferente do da atual geringonça porque, diz Rui Rio, não tem perfil para isso: "andar aqui a negociar se o IRS sobe um bocadito ou desce um bocadito, dizer que tive uma grande vitória, não. Não tenho grande perfil para andar de orçamento do Estado em orçamento do Estado a fazer uma coisa tipo queijo limiano, baixa aqui, baixa acolá".

"Jogar com o poder que me possa ser dado pelo eleitorado - se não me der o poder maior - para forçar o país a ter as reformas de que precisa, no sistema político, na segurança social, na justiça, uma série delas", explica o líder social-democrata.

O futuro só ao eleitor pertence

Fica ou não fica na liderança do partido se o PSD tiver o pior resultado de sempre? Logo se vê. Rui Rio que tem vindo a descer nas sondagens para níveis inéditos, garante que enquanto for útil ao país, fica na liderança do PSD.

"Estou focado numa coisa que se chama 6 de outubro. A 7 de outubro logo se verá o que faço, se me perguntar hoje, não faço a mínima ideia do que vou fazer", diz Rui Rio.

Já no passado fim de semana, no encerramento da Universidade de Verão do partido, o presidente do PSD mencionou que é "preciso coragem e desapego ao poder", disse até que "coragem e desapego não lhe faltam, tem até em excesso". Hoje, repetiu a dose: "Agarrado ao que quer que seja, nunca estive, muito menos com 62 anos de idade. É que não estou mesmo. Estou aqui para prestar um serviço. Na análise custo-benefício, ou presto um serviço e esse é que é o benefício; ou, se não consigo ter benefício, o custo é demasiado e isto é insuportável. O benefício é eu conseguir prestar serviço público ao país, à nação como primeiro-ministro ou oposição ou seja o que for".

"Se consigo prestar esse serviço, pode justificar estar, se não consigo, não estou aqui a fazer nada", conclui Rio que nesta entrevista manifestou ainda que o aparelho do PSD não está "um descalabro". "Aqueles que estão favoráveis, que estão colaborantes, são muitos mais", explica o presidente do partido ainda em relação à turbulência interna.