Miguel Pinto Luz não subscreve um acordo de Governação com o Partido Socialista.
Miguel Pinto Luz garante que não se demitirá "do futuro do PSD" e espera que, no rescaldo das eleições legislativas, seja discutida "a agenda reformista do PSD e a implementação de um programa de mudança para Portugal", garante o social-democrata num artigo de opinião publicado este sábado no Expresso.
"Gostava que segunda-feira, 7 de outubro, o país estivesse a discutir a agenda reformista do PSD e a implementação de um programa de mudança para Portugal. A realidade é que se instalou, como se de um determinismo sobre os votos dos portugueses se tratasse, um debate centrado no papel do PSD como segundo partido.", começa por escrever Miguel Pinto Luz.
O social-democrata sublinha que "o legado do PSD é incontornável na história democrática em Portugal", tratando-se de "um partido que desempenha um papel de liderança no quadro histórico da liberdade", mas que tem também um importante "papel de liderança na oposição, construindo alternativas sólidas e fiscalizando a atividade dos (des)governos socialistas".
Apesar deste "legado político" do PARTIDO, Miguel Pinto Luz não subscreve "um acordo de Governação com o Partido Socialista", por "uma data de razões.
Uma delas é o facto de acreditar que "o papel do PSD não é substituir-se ao Partido Comunista e Bloco de Esquerda no apoio ao Governo de António Costa".
"O PSD não pode permitir que a sociedade portuguesa percecione o PS como eterno partido de governo, que faz a festa à esquerda e, quando aflito, apresenta a fatura ao PSD, sem nunca ser responsabilizado", atira.
Por outro lado, Miguel Pinto Luz acredita que se o PS e o PSD, "os dois maiores Partidos da democracia portuguesa" integrarem o mesmo governo, "esbatendo diferenças, o espaço da alternativa democrática será protagonizado por partidos de franja potencialmente radicalizados", o que, na visão do social-democrata, "representa uma ameaça à estabilidade do sistema democrático em Portugal".
Miguel Pinto Luz encontra ainda mais incompatibilidades entre o PS e o PSD, lançando uma série de perguntas: "Como pode o PSD integrar o governo liderado pelo PS mais radicalizado da história? Será que passamos a partilhar a sua visão estatizante da sociedade portuguesa? Subscrevemos a prática política que trata os portugueses como clientes eleitorais? Concordamos em estigmatizar tudo o que é privado na sociedade e na economia nacional?"
O social-democrata defende que, em vez de formar Governo com o PS, o PSD deve concentrar-se em combater a forma de governação dos socialistas: "Se não partilhamos nada desta visão de sociedade e forma de governar, que tanto mal faz ao país, não podemos apoiar um governo destas características. Devemos, até, estar exatamente concentrados no oposto: em combatê-lo, mobilizando o país para uma alternativa, em vez de o legitimar."
"Combater o PS" é, para Miguel Pinto Luz, "um imperativo moral, de liberdade e de responsabilidade" para "impedir que a visão estatizante, paternalista e limitadora da liberdade dos portugueses protagonizada pelo PS tenha ganho de causa".
"Quanto a mim, não me demitirei do futuro do PSD e estarei sempre no combate contra o PS pelo futuro de Portugal. Antes e depois de 6 de outubro", remata.