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"O Vinho do Porto consegue ter ligação com diferentes pessoas"

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José Manuel Sousa Soares, Diretor de Enologia do Grupo Gran Cruz, fala sobre a evolução de um vinho com elevada carga histórica e do surgimento de novos públicos no mercado dos vinhos

Este grupo está assente nas histórias de muitas casas, mas parece estar a criar uma história nova para si próprio.

A história da Gran Cruz é uma história que já tem vários anos, partiu de uma pequena empresa no final do século XIX que foi comprada na década de 1970 e a que se desenvolveu a partir de um pequeno stock. Hoje somos o maior grupo de Vinho do Porto, aproveitando o historial da empresa e a própria história dos vinhos da região para diversificar a oferta, colocando nos mercados muitos tipos diferentes de vinhos.

Ou seja, o Vinho do Porto não é todo igual, nem os seus consumidores?

O Vinho do Porto tem efetivamente diferenças muito grandes nos seus perfis e com isso consegue ter ligação com diferentes pessoas. Hoje estamos a chegar perto de consumidores muito mais jovens, que pretendem sobretudo frescura no vinho e é preciso tornar o produto fácil para que as pessoas queiram conhecer as suas várias categorias e as diferenças entre os vários vinhos. Foi assim que nasceu o Pink, e é assim que pensamos os vários vinhos que temos vindo a criar, pensados para serem vinhos cada vez mais gastronómicos e fáceis de entrar nos hábitos de consumo destes novos públicos.

Foi graças a essa necessidade de chegar a novos públicos que aceitaram o desafio de criar vinhos exclusivos para a Sonae?

Esse desafio que nos foi colocado há uns anos, o de produzir um Moscatel do Douro com características que já estavam bem definidas, resultou de facto de uma noção clara do que o mercado precisava. E conseguimos, a partir daí, apresentar um vinho que agrada ao consumidor, que tem os aromas típicos do Moscatel, onde está presente o linalol, um aroma muito próprio da casta e que torna os vinhos marcantes, tanto para os consumidores já habituados a este tipo de vinhos como também para os novos consumidores. O seu caráter floral e o facto de ser um vinho produzido no planalto de Alijó, com recurso a uvas de bastante acidez e com um processo de estágio em madeira, resulta num vinho simultaneamente fresco e complexo.

Um vinho que tem conquistado várias distinções. Qual a importância dos prémios para a Gran Cruz?

Os prémios são sempre importantes, sejam da comunicação social ou de outras entidades, porque aumentam o conhecimento e reconhecimento dos nossos vinhos. E no caso do Moscatel do Douro, que tem sido premiado de forma constante no prémio Uva de Ouro, isso tem naturalmente aumentado o reconhecimento do público, que ao chegar perto da garrafa, percebe pela medalha junto do rótulo que vários especialistas provaram aquele vinho e isso faz com que seja mais fácil aderir a esse vinho.

José Manuel Sousa Soares
"Hoje estamos a chegar perto de consumidores muito mais jovens, que pretendem sobretudo frescura no vinho e é preciso tornar o produto fácil."