A cidade onde o inimputável Adélio Bispo esfaqueou Bolsonaro foi cenário de novo episódio do género. Mas menos violento e mais generoso.
Juiz de Fora, cidade com cerca de 600 mil habitantes no estado de Minas Gerais, foi palco do surto psicótico mais infame do Brasil nos últimos anos.
Foi lá que Adélio Bispo, um cidadão considerado inimputável por uma junta psiquiátrica, esfaqueou o então candidato presidencial Jair Bolsonaro, em setembro de 2018. A facada de Bispo, que sofre segundo esses psiquiatras de alucinações persistentes, se por um lado prejudicou a saúde do hoje chefe de estado, operado quatro vezes na sequência do incidente, terá, por outro, beneficiado os seus objetivos eleitorais, segundo a maioria dos observadores.
Mas esse surto psicótico de Juiz de Fora já tem mais de um ano e já foi contado e recontado e dissecado vezes sem conta. Agora é hora de falar de outro surto psicótico de Juiz de Fora - este ocorrido no último dia 17.
Um homem foi, com a mulher, levantar dinheiro a uma caixa multibanco. De repente, arrancou o cartão das mãos do cônjuge, levantou o máximo de dinheiro que conseguiu e começou a distribui-lo por quem passava na rua.
Um surto psicótico muito mais generoso que o da facada em Bolsonaro, portanto.
A mulher, entretanto, logo alertou a polícia para os problemas mentais do marido: dois agentes aproximaram-se, tentaram contê-lo, mas tiveram muitas dificuldades tal a agitação do homem que até tentou tirar a arma de um deles para continuar a distribuir dinheiro em paz.
O pronto-socorro chegou minutos depois e conseguiu transportá-lo para uma ambulância e conduzi-lo a um hospital onde se mantém internado.
Não há informação sobre quanto dinheiro o casal perdeu com o surto. Nem se o senhor continua a tentar distribuir notas no hospital por enfermeiros e pacientes.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras no site da TSF a crónica Acontece no Brasil.