Política

Rio deixou um tunisino a rir e encontrou um eleitor com dois amores na Guarda

TSF

Da Sé Catedral ao antigo cineteatro, entre beijinhos e gargalhadas. Ao sexto dia oficial de campanha, a primeira grande arruada do PSD foi na Guarda.

A comitiva social-democrata deixou Rabeh Oussama a rir às gargalhadas. Qual é a piada? "Este senhor chegou aqui e não disse nada, só perguntou se queríamos um lápis". Ora, o jovem natural da Tunísia vive em Portugal há ano e meio e até sabe que os socialistas "não venceram a eleição anterior", mas conseguiram formar Governo, liderado por António Costa. Só não sabia quem era o homem que acabara de lhe dar um lápis.

"Fiquei surpreendido", conta à TSF. Na confusão daquela que foi, até agora, a maior arruada do PSD - em distância, tempo e número de apoiantes - os dois amigos que bebiam uma cerveja numa esplanada da Guarda nem se aperceberam do que lhes acabara de acontecer. "Rui Rio? E tem hipóteses de ganhar?"

As eleições na Tunísia também são dia 6 de outubro, mas nem no país de origem nem por cá Rabeh Oussama votaria num partido de direita. "Portugal é um bom exemplo de um país socialista, e já não há muitos. O meu voto vai para os socialistas."

Na cidade mais alta de Portugal, o eurodeputado e ex-presidente da Câmara Municipal da Guarda, Álvaro Amaro, juntou-se ao grupo e o cabeça de lista pelo círculo da Guarda, Carlos Peixoto, fez a visita guiada. Houve queijo, música e dança com bombos e concertinas, e duas eleitoras até receberam beijinhos. "E olhem que não é habitual", comentou alguém.

Numa das esquinas da Guarda, Rio encontra Jorge Andrade, que bem podia chamar-se Marco Paulo: tem dois amores que em nada são iguais e não tem bem a certeza de qual ele gosta mais.

Começou por interpelar o presidente do PSD com a lista dos impostos que a empresa paga e o objetivo dele era claro: pedir a Rui Rio o fim do "imposto Mortágua".

Com 88 anos, o desejo do senhor Jorge não é só o fim do adicional ao IMI. "O que quero é que façam uma aliança, adoro o PSD e o CDS, queria que se unissem, porque é a união que faz a força".

"Quando Rui Rio ganhou as eleições, a minha intenção era que fizessem uma nova AD" (Aliança Democrática). Jorge Andrade não consegue escolher de qual gosta mais, se de Rui Rio ou de Assunção Cristas. O ideal era juntarem-se e "tirarem de lá a Geringonça".

"Se pudesse dividir, dividia. Vou a um e a outro." O autocolante do PSD que hoje traz ao peito não é uma promessa. Se vota PSD ou CDS no dia 6, fica em segredo.

Saudades de outros tempos no PSD marcaram também a sessão de perguntas e respostas no antigo cineteatro da Guarda. Com um Sá Carneiro de papel a cumprimentar os militantes à entrada, Rui Rio, defendeu que aquilo de que Portugal mais precisa é de "uma personalidade vincada idêntica" à do líder histórico. Sem "manhas".

"A postura da hipocrisia, a postura do politicamente correto, a postura manhosa, nós estarmos na política com hipocrisia, com manha, falsidade e dizer apenas aquilo que todos queremos ouvir e sabemos que não é verdade é profundamente descredibilizador."

"O politicamente correto, a hipocrisia, não sei fazer bem. Se fosse para continuar assim, não seria o melhor protagonista, só se for para dizer o que penso, mesmo sujeito a ter um batalhão de comentadores do politicamente correto contra mim", assegurou.