No Porto, Rui Rio descarta um acordo com os socialistas e diz aos estudantes que "não faz sentido" baixar propinas.
Está António Costa disponível para viabilizar um governo PSD? A pergunta é de Rui Rio, que inverte assim a questão dos jornalistas: "respondo-lhe a isso quando o António Costa responder se está disponível para viabilizar o meu governo, no caso de eu ganhar e não ter maioria absoluta".
"A convicção" de Rui Rio é que o PS se prepara para uma nova coligação à esquerda. Mas a verdade é que 'prognósticos só no final do jogo'.
"Nós vamos ter o resultado eleitoral no próximo domingo e logo vamos ver o xadrez que dali sai. A minha convicção é que o PS andou a atacar o BE e, em parte o PCP, mas se o resultado eleitoral for de tal maneira que o PS possa formar Governo com apoio do PCP e BE acho que será isso que irá acontecer", afirmo Rui Rio em declarações aos jornalistas depois de um almoço com empresários em Vila Nova de Gaia.
Se isso acontece significa que falhou o objetivo de libertar o país de um governo com apoio das esquerdas?
"Não, falhar, pode não falhar porque a vontade é do PS. Mas aquilo que eu sempre referi é que estou disponível - e essa é das principais funções com que encaro a minha presença na política ainda hoje - para possibilitar que o país tenha uma série de reformas estruturais", disse.
No entanto, acrescentou, tal "não implica a viabilização de um Governo e muito menos ter de ir para o Governo, isso é que não implica mesmo".
"Eu e o Dr. António Costa dissemos o mesmo: um bloco central - com os dois partidos no Governo - só faz sentido em situação limite de interesse nacional, o que manifestamente não é o caso", afirmou.
Rui Rio está cada vez mais próximo do PS nas sondagens mas continua sem as comentar. No entanto, depois de alguns dias em silêncio sobre o assunto, com a descida dos números regressam os tweets.
Baixar propinas "não faz sentido"
Num encontro com não mais do que 20 estudantes universitários no Porto, Rui Rio disse-lhes que não fazia mal perder algumas cadeiras para dedicar tempo ao associativismo e defendeu as propinas nunca deviam ter baixado.
"Sou contra a redução que se fez das propinas. Não acho que faça sentido nenhum a partir do dia 6 de outubro." Provavelmente António Costa também não vai achar, reforçou.
Para o presidente social-democrata, esta "foi uma medida eleitoralista, sem sentido nenhum", e foi posta em prática com o objetivo de "a Geringonça conseguir votos de esquerda".
As propinas do Ensino Superior não só nunca deviam ter descido pelo, contrário, "deveriam subir". Mas mesmo que vença as eleições será difícil reverter uma medida assim, assume. "É difícil, depois de baixar muito, também subir de repente, é um problema."
Rui Rio defende que o preço da propina deve ser "igual para todos", não calculado segundo o rendimento dos alunos.
Ao lado do cabeça de lista pelo Porto, Hugo Carvalho - Rui Rio recordou os tempos em que liderou a associação de estudantes da Faculdade de Economia do Porto.
"Eu atrasei a minha formatura de janeiro para julho por ser presidente da associação de estudantes", confessou, garantindo: "valorizei-me muito mais nesse tempo" do que indo às aulas.
"Se atrasarem duas ou três cadeiras pela dedicação à associação de estudantes estão a ganhar para o futuro, nisso podem ficar descansados."
O conselho é bem-vindo, mas outra confissão pode separar a experiência do presidente do PSD da dos alunos presentes na sala: "Quando comecei a trabalhar no primeiro emprego tive um salário brutal - a ganhar 45 contos por mês."