Não está como quer mas diz-se confiante para a discussão taco-a-taco. Rui Rio nota que obstáculos internos dificultaram o caminho até aqui e, se perder eleições, não vai ficar zangado. Morto politicamente? Nunca.
Aproxima-se a hora da verdade e, na cabeça de Rui Rio, a confiança tem vindo a crescer. Bem conhecido o seu desdém por sondagens, é caso para dizer "quem o viu e quem o vê", agora que cumpre o seu objetivo de discutir as legislativas "taco-a-taco" com o PS de António Costa.
Em jeito de balanço, o presidente do PSD confessa que "não está como quer". "Era mais agradável se, neste momento, estivesse pujante a dizer 'vou ganhar quase de certeza absoluta' e, honestamente, não o posso dizer", começa por notar em conversa com a TSF.
No entanto, "face ao trajeto que foi feito", Rio está a cumprir o objetivo: chegar a esta data "com aspirações de ganhar as eleições". Os números dos estudos de opinião não são os mais animadores para quem quer uma vitória, mas os resultados são bons mesmo para travar alguma oposição interna.
Rio não se descose sobre os planos para o futuro, insiste que a análise será feita depois de conhecidos os resultados (e não será logo à meia-noite que vai comunicar seja o que for), mas nota que o caminho até aqui foi turbulento.
"Tive de fazer um esforço muito maior porque tive obstáculos perfeitamente desnecessários, isso é evidente. Não sou hipócrita e não vou dizer agora coisa diferente do que sempre disse e daquilo que é óbvio. Foram colocados obstáculos que eram perfeitamente desnecessários e que tinham potenciado muito mais o trajeto desde fevereiro de 2018 até hoje", sublinha.
Numa campanha em crescendo que teve como ponto alto - como o próprio reconhece - a arruada e o comício no Porto, Rui Rio tenta descolar do caso de Tancos, mas lá reconhece que o PS saiu mal na fotografia.
Mas não sem antes considerar que "há sempre que arranjar uma desculpa, o PSD está a subir e agora podem desculpar-se por aí". "Claro que se não fosse Tancos teria sido diferente, como é lógico, qualquer coisa tem influência sempre no curso dos acontecimentos", afirma.
Ainda assim, o presidente social-democrata sublinha que o partido já vinha a "afirmar-se muito antes de Tancos", nomeadamente desde agosto. Se a polémica prejudicou ou não o PS, Rio pensa que sim, mas também tem uma farpa guardada para um dos grandes alvos desta campanha: "Por acaso têm vindo umas sondagens a rodar em que até parece que beneficiou. É com cada uma que só visto", comenta.
Morto? Jamais
O que vai acontecer no domingo à noite é uma surpresa, mas independentemente do resultado, Rui Rio está tranquilo e promete não ficar "zangado".
Com a vitória socialista mais provável, Rui Rio recusa dar-se por vencido na política e no PSD em particular. "A morte política não será de certeza", começa por dizer o líder do partido antes de explicar que o óbito político só pode ser declarado a alguém com 40 ou 50 anos "que podia ter ainda um grande futuro pela frente e tem de ir embora da política para fazer outra coisa".
Mas não é isso que pode acontecer a Rio? Não, o presidente do PSD que já conta 62 anos de idade nota que já teve a sua carreira profissional e tem a sua carreira política.
Por isso, vai descansado submeter-se ao escrutínio. "Chegado a esta idade, se ganhar as eleições, se o povo assim o entender, está bem; se o povo entender diferente, também está bem".
Diriam os analistas que este não é o discurso mais motivado de sempre, mas é, talvez, o mais racional. Rio insiste na explicação: "essa é uma das minhas vantagens: o desprendimento pelo poder". "Estou aqui para servir, estou numa missão. Se entendem que posso ser útil, serei útil; se entendem que já não posso ser útil nesta conjuntura, excelente, também não há problema nenhum. Não há mesmo!", garante.
Ainda assim, o homem que não identifica pontos baixos nesta campanha laranja (ou, pelo menos, não os verbaliza), diz que vai "com confiança" até domingo. A certeza é de que, aconteça o que acontecer, o resultado será aceite e Rio não ficará zangado.