Fraude em concurso para sargento do exército em Fortaleza. Telefonema falso foi a solução do mistério
Um candidato ao cargo de sargento técnico temporário do Exército, que liderava o concurso público em Fortaleza, no Ceará, com alguma margem sobre os outros concorrentes ao posto, recebeu um telefonema. Do outro lado da linha, um militar membro da comissão organizadora da seleção informou-o que o exame de aptidão física tivera a data alterada.
O candidato, cujo nome não foi divulgado - mas chamemos-lhe "José" -, apontou a nova data e ficou tranquilo.
Sucede que, na verdade, não houve nenhuma alteração à data. E o candidato "José" acabou excluído do concurso, permitindo que a vaga fosse ocupada pelo até então segundo classificado - chamemos-lhe "António".
Mas uma investigação interna da 10.ª região militar de Fortaleza, notícia o Correio Braziliense, chegou a uma conclusão espantosa: não fora nenhum membro da comissão organizadora da seleção que ligara para "José" a informar da alteração de horário - era "António", o maior beneficiário da exclusão de "José", que estava do outro lado da linha.
"António" admitiu a fraude. E "José" lembrou-se de que, de facto, numa fase anterior das provas, "António" lhe pedira o número de telemóvel sob outro pretexto.
"António" agora é acusado de estelionato, ou seja, fraude, ao abrigo do artigo 251 do código penal militar, por ter causado prejuízo não só a "José" como também à administração militar, impedida de escolher o melhor candidato para a vaga.
Se condenado, pode ficar um ano na cadeia. Enquanto "José" pode, como sonhava, vir a ser chamado de "sargento José".