Sociedade

França passou ao nível três de epidemia, mas mantém eleições autárquicas

AFP

Nas últimas 72 horas, a França duplicou o número de pessoas contaminadas, elevando 4500 casos registados, 91 mortes e 300 pacientes em estado grave.

A França passou ao nível 3 de epidemia este domingo e o Governo ordenou o fecho de todos os estabelecimentos não vitais para a vida do país. Apesar do reforço de medidas radicais, o Presidente francês decidiu, após consulta do conselho científico, manter a primeira volta das eleições municipais este domingo. Segundo as últimas sondagens, a abstenção vai pesar no resultado do escrutínio.

O Covid-19 é este domingo mais uma ameaça à participação dos franceses nas eleições autárquicas. Ao meio-dia a taxa de participação é de 18,38%. As eleições em 2014 tinham atingido abstenções recordes na quinta republica francesa ao atingir 34% de abstenção.

Nas últimas 72 horas, a França duplicou o número de pessoas contaminadas, elevando 4500 casos registados, 91 mortes e 300 pacientes em estado grave, obrigando ao Governo francês de ativar a terceira fase da epidemia de coronavírus no país.

A primeira volta das eleições autárquicas decorre este domingo, apesar do primeiro-ministro, Edouard Phillip, ter anunciado este domingo à noite o encerramento de cafés, cinemas, discotecas e de outros estabelecimentos públicos por tempo indeterminado, medidas radicais para travar a propagação da epidemia (coronavírus em França).

A partir deste domingo, podem abrir supermercados, farmácias, postos de combustíveis, bancos, tabacarias e quiosques, anunciou o primeiro-ministro numa conferência de imprensa, onde anunciou o encerramento de bares, restaurantes, discotecas, cinemas e outras lojas não essenciais.

O adiamento das eleições foi evocado até ao ultimo minuto por muitos responsáveis políticos que agora, através das redes sociais e dos meios de comunicação, tentam persuadir os eleitores a não ir votar.

Às oito da manhā, apenas duas pessoas estavam à espera da abertura da assembleia de voto no oitavo bairro de Paris. "Acabo de chegar há cinco minutos e, como vê, não somos muitos. Vim às oito horas porque a seguir vou fazer compras e depois voamos ficar em casa, ao quente, a ver netflix", comenta este eleitor.

As medidas de prevenção foram reforçadas nas 70.000 assembleias de voto; sinais, marcações no chão e instruções logo à entrada onde os eleitores são obrigados a lavar as mãos com gel de álcool.

"Há gel álcool, mas sem bomba... somos obrigados a tocar na garrafa, é estranho. Tocam nos envelopes em vez de os deixar empilhados em cima da mesa. Eu antecipei e preparei tudo em casa, os boletins de voto. Há imensas marcações no chão e estamos longe uns dos outros. Trouxe a minha esferográfica e tentei respeitar as recomendações", descreve uma eleitora.

O governo, recomendou a marcação no chão para manter uma distância mínima de "um metro" entre os eleitores e para manter as cortinas das cabines de votação abertas sempre que possível. Normas que estão a ser cumpridas.

Medidas contestadas por constitucionalistas e médicos que dirigiram uma carta aberta ao presidente franceses a denunciar que o "controlo de distancias de segurança é uma norma demasiado complexa a aplicar", escrevem os signatários da carta. "Observar a higiene das mãos dos eleitores e membros das mesas de voto, são ilusórias". A "desinfetar sistematicamente os espaços, apesar de ser uma forma secundaria de transmissão, é impossível" escreveram os médicos ao presidente francês.