Inquérito da Câmara de Comércio e Indústria mostra que três em cada dez empresas diz não conseguir pagar salários de março e abril e pedem isenção de impostos. PME sofrem mais.
São números que põem a nú a fragilidade financeira do tecido empresarial nacional: 23,1% das empresas admite que não consegue resistir mais 30 dias sem apoios. E 30% referem que "não estão em condições de cumprir com as obrigações salariais e fiscais de Março e Abril".
Dos 161 inquiridos pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), 68% afirmm sentir já um impacto negativo nas vendas no mercado nacional, enquanto 57,7% "estima que o declínio das vendas em 2020 possa ser superior a 20%".
Nas microempresas o cenário é mais complicado: sete em cada dez adivinha uma quebra de 20% nas vendas.
Os fatores indicados pelos inquiridos como mais prejudiciais são "a diminuição da procura (78,8%), problemas de tesouraria (55,9%), quebra na produção (35,4%), restrições de viagens (36,6%) e cancelamento de feiras (34,1%)".
Por isso as empresas pedem a "implementação de várias medidas e destacam a importância das empresas públicas e Estado pagarem a horas", argumentando que "os tempos médios de pagamento em Portugal têm vindo a diminuir, no entanto o Estado demora em média 75 dias a pagar a fornecedores, quando a média europeia é de 42 dias".
A CCIP escreve que "é fundamental a isenção de pagamento de alguns impostos (incluindo o IRS, IRC e o respetivo Pagamento Especial por Conta) e segurança social; a concessão de empréstimos a fundo perdido ou mesmo a criação de um programa cheque empresa. Por outro lado, é fundamental aumentar as linhas de crédito à medida que o tempo for passando e garantir a sua verdadeira flexibilização."
O estudo recolheu respostas de 161 empresas de vários setores de atividade: comércio (16,2%), indústria (18,6%) e serviços (65,2%) entre 18 e 22 de Março.