Numa altura em que Portugal vive uma crise por causa do novo coronavírus, o ministro da Economia dá uma entrevista à TSF para falar sobre o presente e o futuro. Partidos e parceiros sociais têm questões para Siza Vieira.
A preocupação com as famílias e rendimentos no presente com a economia no futuro são as principais prioridades de partidos e parceiros sociais na hora de questionar o ministro da Economia, entrevistado esta terça-feira na TSF.
À direita, o PSD questiona Siza Vieira sobre as "políticas públicas que tem em mente para mitigar as disrupções nas cadeias de valor internacionais", apontando para a necessidade de haver um "apoio aos setores dos transportes, em campanhas de promoção internacional, na digitalização da economia", setores que "vão exigir respostas proporcionais", segundo Rui Vinhas da Silva.
Em nome do CDS, Miguel Morgado deixa claro que as medidas tomadas pelo Governo são "insuficientes, de acesso restrito e de implementação prolongada no tempo", o que leva o vice-presidente do partido a sublinhar que "não basta achatar a curva do contágio, temos também de achatar a curva do desemprego, a curva das falências e a curva da recessão que aí virá a seguir à crise de saúde pública". Estará o Governo disponível para concluir que para isto é fundamental ir mais além, fazer mais e sobretudo apoiar melhor?", pergunta.
João Cotrim Figueiredo deixa algumas questões ao ministro, nomeadamente quem vai liderar no gabinete de crise a preparação do regresso à normalidade e da retoma económica de pessoas e empresas? O deputado do Iniciativa Liberal pretende ainda saber "de que forma vai o Estado facilitar a vida à pessoas e às empresas que querem contribuir para a retoma da vida económica de que precisamos".
"Pode-me garantir de que o PS não se vai aproveitar desta emergência para aumentar o peso do Estado na economia?", acrescenta.
André Ventura acredita que um dos pontos mais relevantes nesta altura é perceber "como é que o Ministério da Economia vai garantir que essa liquidez é acessível sem as burocracias habituais do Estado português".
Pagar a fornecedores e ir mais longe no combate aos despedimentos?
O PAN, por Cristina Rodrigues, tendo em conta a "necessidade de liquidez nas empresas", questiona o ministro da Economia se "não considera que, paralelamente a esse apoio, o Estado deva liquidar os cerca de cinco mil milhões de euros que deve a fornecedores e em particular ao tecido empresarial. Se sim, qual a percentagem de pagamentos que o Estado pretende liquidar e com que cronograma?
Já o Bloco de Esquerda, pela voz de Isabel Pires, pretende respostas sobre os despedimentos: "Está ou não o Governo disposto a ir mais longe como se prevê em Itália onde se prevê a reintegração dos despedidos no início da crise para acesso aos apoios ou em Espanha que deixou explicita a proibição de despedimentos de precários e proibir também em Portugal todos os despedimentos como o BE propõe?"
O PCP questiona o ministro da Economia sobre se "há ou não, desde o apoio na parte que tem a ver com o crédito até às questões concretas de complemento de rendimentos, uma resposta concreta e efetiva por parte do Governo?".
Enquanto, o PS, por parte de João Paulo Correia, tem como objetivo saber "quais as bases de apoio para os empresários das empresas de comércio, serviços e indústria que todos os meses têm de pagar as suas rendas". "O Governo está a ponderar apresentar outra linha de crédito para as atividades que também se estão a ressentir fortemente com esta crise?", acrescenta ainda o deputado.
Parceiros sociais preocupados com trabalhadores e empresas
Da parte dos parceiros sociais, Isabel Camarinha, da CGTP, pede que sejam implementadas medidas que defendam os trabalhadores e a totalidade dos salários: "Considerando que o emprego e os rendimentos são essenciais no presente das famílias e um garante para o futuro do país, que não só o OE mas as grande empresas que distribuem dividendos fabulosos devem ser chamadas a contribuir, porque razão insiste o Governo em não implementar as medidas reivindicadas pela CGTP que garantem a totalidade dos salários e a defesa de todos os postos de trabalho?"
Carlos Silva, da UGT, pretende saber se "está ou não está o Governo em condições de reforçar a proteção do emprego para a generalidade dos trabalhadores, não apenas aqueles que estão em lay-off, os que ficam nas empresas, mas também aqueles que são contratados a prazo e que muitas empresas têm aproveitado para colocar em causa de forma absolutamente imolar, mandando milhares de trabalhadores para o desemprego".
João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), acredita que é preciso que o ministro responda "quando é que, em termos práticos, as empresas poderão ter acesso às linhas de financiamento que o Governo já informou que ia ser solicitado a aval a Bruxelas?".
"Se o objetivo das medidas do Governo é aumentar a liquidez das empresas, porque é que não elimina o pagamento por conta e dessa forma ajuda bastante a tesouraria das empresas?", questiona ainda Luís Mira, da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).