Política

"Seria um erro trágico regressar austeridade"

Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital Gerardo Santos/Global Imagens

O número dois do Governo elogia "a maturidade" dos protagonistas políticos e quer ver todos "alinhados no essencial". Siza Viera diz-se "pouco preocupado" com a gestão política do dia seguinte à crise.

São palavras para memória futura: o ministro da Economia espera que se tenha aprendido a lição da crise de 2008 e que, desta vez, a solução depois da emergência não seja a austeridade.

"Numa crise com estas características, pôr austeridade em cima do travão que já vem de fora só pode agravar os problemas. Nós sairemos desta crise tanto quanto conseguirmos por a economia a crescer depois do levantamento das medidas de contenção", sublinha Pedro Siza Vieira em entrevista à TSF, considerando que "seria um erro trágico se a única resposta que a União Europeia pudesse dar fosse regressar à austeridade".

Mas enquanto não se vislumbra o final desse "túnel", o número dois do executivo de António Costa espera ver a "comunidade nacional" alinhada "à volta do que é essencial".

"Ver estabilidade política à volta de objetivos nacionais nunca foi tão verdadeiro como no atual momento", afirma Siza Vieira destacando a "maturidade" da classe política.

"Uma das coisas que tem feito o país enfrentar com o mínimo de sobressalto e com grande maturidade cívica é precisamente a estabilidade política que conquistamos e a maturidade de todos os nossos protagonistas políticos", elogia.

Mas será que esta contenção e aparente sintonia irão permanecer quando começar a pesar a fatura das medidas agora adotadas? O ministro da Economia esquiva-se à questão e garante que, agora, "todas as horas do dia são poucas" para pensar em "conter a propagação da doença e mitigar o impacto económico dela". É da eficácia dessa fórmula que há-de resultar, "uma fatura o mais baixa possível". Mas ela há-de chegar, admite.

"Estou pouco preocupado como se vai gerir politicamente o dia seguinte", assegura o ministro da Economia, insistindo que o objetivo é que "este momento seja vivido com o mínimo perturbação e o máximo de contenção e que possamos ter as condições para uma retoma vigorosa".