Economia

Coronacrise vai provocar recessões até 20% nas principais economias da Europa

Itália encerrou todos os museus, teatros e cinemas por causa da Covid-19 Alberto Pizzoli/AFP

Think tank germânico Ifo estima recuos nos Produtos Internos Brutos que podem ir até os 20% em Espanha e na Alemanha, e próximo disso em Itália, no Reino Unido e França.

É uma previsão arrasadora: um dos mais influentes think tanks germânicos prevê que o impacto da coronacrise possa levar a recuos que podem ir até 20% nas principais economias europeias, que terão "perdas de centenas de milhares de milhões de euros".

O instituto alemão de pesquisa económica Ifo analisou alguns dos motores económicos da Europa, contabilizando não apenas os danos da paragem mas os que vão persistir durante uma retoma lenta e chegou a conclusões sombrias.

Em Espanha, uma paragem de dois meses vai implicar custos de 101 a 171 mil milhões de euros (dependendo d severidade do congelamento económico), com um impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) de 8,1 a 13,8 pontos percentuais. Se a paralisia for de três meses, o buraco sobe para 141 a 250 mil milhões de euros, e o reflexo negativo no PIB vai situar-se entre 11,3 e 20 pontos percentuais. Cada semana adicional de paragem económica vai custar entre 10 e 20 mil milhões de euros, com um impacto negativo de 0,8 a 1,6 pontos percentuais no crescimento económico.

Em Itália, uma paragem de dois meses traz um custo de 143 a 234 mil milhões, com o PIB a sofrer 8 a 13,1 pontos percentuais. Com mais um mês, os valores disparam: 200 a 342 mil milhões de perdas, e menos 11,2 a 19,1 pontos percentuais da riqueza produzida. Cada semana adicional de paragem custa 14 a 27 mil milhões de euros (0,8 a 1,5% do PIB).

França também vai sofrer consequências graves: o Ifo calcula custos de 176 a 298 mil milhões de euros para dois meses de paragem, com uma redução de 7,3 a 12,3 pontos no crescimento. Se o país continuar paralisado mais um mês, as perdas sobem para 247 a 436 mil milhões de euros, e o PIB terá uma queda de 10,2 a 18 pontos percentuais. Cada semana adicional custa 18 a 35 mil milhões (0,7 a 1,4% do PIB).

Olhando para o próprio país, o instituto de pesquisa económica conclui que a coronacrise na Alemanha "vai custar centenas de milhares de milhões de euros", com "o desemprego a disparar e colocando enormes fardos no orçamento". "Dependendo dos cenários", escrevem os peritos do Ifo, "a economia alemã pode encolher 7,2 a 20,6 pontos percentuais, num custo de 255 mil milhões a 729 mil milhões de euros.

Para o Reino Unido as estimativas são semelhantes: com dois meses de paragem o impacto no PIB vai ser de 7,7 a 13 pontos percentuais, num custo de 193 a 328 mil milhões de euros. Com três meses, a diminuição da riqueza será de 10,7 a 19% e a perda sobe para 271 a 480 mil milhões. Uma semana de paragem rouba 0,8 a 1,5% do PIB e custa 19 a 38 mil milhões de euros.

O Ifo avisa que os países têm de investir de forma massiva em cuidados de saúde, "não apenas por razões médicas mas económicas" e que "as empresas têm de tomar medidas que lhes permitam retomar a produção ao mesmo tempo que combatem a pandemia". O instituto alerta ainda que se a paralisia persistir durante mais do que um mês, "as perdas vão atingir dimensões nunca vistas, nem em crises económicas nem em desastres naturais, na história da União Europeia.