Sociedade

Portugal tem mais doentes Covid-19 per capita do que o Reino Unido e a França

As contas são do Centro Europeu de Controlo de Doenças no seu último balanço Mário Cruz/EPA

Se tivermos em conta o tamanho da população, há mais de duas dezenas de países europeus que nas últimas duas semanas tiveram menos doentes diagnósticos que Portugal.

Apesar da progressiva diminuição de novos doentes, sobretudo na última semana, Portugal foi, nos últimos 14 dias, o sexto país da Europa com mais novos casos per capita de Covid-19, ou seja, tendo em conta o tamanho da população.

As contas são do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) no seu último balanço do avanço do novo coronavírus no Continente.

O país com mais casos por 100 mil habitantes é o Luxemburgo (323,8), seguido da Islândia (275,5), Espanha (218,2), Bélgica (149,5) e Itália (113,6).

Portugal surge a seguir com 94,1, um valor pouco acima de países como a Irlanda (87,3), Alemanha (84,4), Holanda (81,6), França (81,4) e bastante acima do Reino Unido (67,6).

Os dados calculados pelo centro da União Europeia referem-se ao período entre 25 de março e 7 de abril.

Segundo o ECDC a incidência dos últimos 14 dias é uma medida que dá uma estimativa dos casos ativos no total da população de um país.

O Liechtenstein é o único país onde a seta recua e fica a verde (em vez de vermelho) porque foi o único que neste período de 14 dias registou menos novos casos de Covid-19 que nos 14 dias anteriores.

Ao todo, com menos casos que Portugal surgem bem mais de 20 países europeus, sendo que há vários como a Bulgária, Eslováquia, Grécia, Hungria ou Polónia onde o avanço da doença está ainda praticamente no início, ou pelo menos com valores muito baixos de doentes confirmados.

O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública sublinha que a comparação entre países na taxa de incidência da Covid-19 é muito complexa, nomeadamente porque há países onde os casos se concentram sobretudo em algumas regiões e não por todo o país; bem como porque há diferentes políticas de realização de testes e contabilização de doentes.

Ricardo Mexia destaca a evolução positivo no número de novos casos em Portugal nos últimos dias ou mesmo na última semana que se espera que coloque o país, daqui a duas semanas, noutra posição neste gráfico do ECDC.

O médico de saúde pública sublinha que o mais importante é que nos últimos dias não tenha existido, em Portugal, um crescimento exponencial de doentes e que o essencial é manter esta trajetória, sendo fundamental não reduzir as medidas de contenção social, restrição aos movimentos e concentração de pessoas.