Economia

"Provavelmente vamos voltar dentro de dois anos aos números de 2019"

Mário Centeno, ministro das Finanças Carlos Costa/AFP

O ministro das Finanças falou do impacto que o novo coronavírus está a ter na economia portuguesa em entrevista à TVI.

As previsões da quebra da economia em Portugal, devido ao novo coronavírus, não são animadoras. Mas Mário Centeno, ministro das Finanças, espera que, no total do ano, a queda no PIB não chegue a dois dígitos.

"O segundo trimestre vai ter uma quebra próxima de quatro ou cinco vezes o máximo que já vimos um trimestre cair em Portugal. O PIB de 2012 caiu 4,3% no último trimestre, mas vai parecer uma flutuaçãozinha simples", explicou Mário Centeno em entrevista à TVI.

As projeções que Centeno pode apresentar partem de uma perda de 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia "esteja como está em Portugal", ou seja, praticamente parada.

Com "45% do PIB português" a vir de exportações, Centeno reconhece a necessidade de enfrentar a questão, mas recusa, desde já, que a perda do PIB no final do ano "chegue aos dois dígitos".

Sobre a recuperação, Mário Centeno atirou que "provavelmente vamos voltar dentro de dois anos aos números de 2019", em termos económicos.

Nacionalização da TAP e futuro de Centeno

O ministro das Finanças voltou à ideia de que não existe guião para rejeitar que exista qualquer "tabu" quanto à nacionalização de empresas. Ainda assim, recusa admitir que a TAP possa ser uma das empresas a ser nacionalizada.

"Há muitas formas de intervir que podem não passar por aí, mas essa é também uma delas", esclareceu o presidente do Eurogrupo.

Questionado sobre o seu futuro, o ministro das Finanças recusou revelar se passa pela saída do Governo para entrar no Banco de Portugal ou não.

"O general não é sequer a peça mais importante de tudo isto. Não mereço tamanha distinção", gracejou Centeno sobre o seu papel na gestão da crise provocada pela Covid-19.

Holanda foi o país "mais reticente"

Centeno recusa-se a "fulanizar" a discussão da última reunião do Eurogrupo, mas reconheceu que a Holanda foi o último e "mais reticente" país a juntar-se às três medidas aprovadas.

"Estamos a sofrer um choque com uma escala inimaginável", reconheceu o ministro das Finanças, que vaticinou que os gráficos "daqui a cinco ou seis meses" vão permitir perceber que a dimensão desta crise não é comparável com outras.

No entanto, Mário Centeno reforçou a rapidez com que a Europa chegou a acordo em relação ao pacote de ajuda económica para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.

"A crise de 2008 foi pré-anunciada pelo menos 10 anos e quando começou demorámos muito tempo a reagir. Desta vez tomámos decisões em 10 dias", acrescentou o ministro das Finanças.