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Presidente francês defende que "espaços de criação devem voltar a viver"

Emmanuel Macron é o atual Presidente francês EPA

Emmanuel Macron reuniu-se, em videoconferência, com doze artistas franceses.

O Presidente francês anunciou esta quarta-feira as primeiras medidas que visam reabrir portas ao sector cultural, suspenso pela pandemia de Covid-19, sublinhando que "os espaços de criação devem voltar a viver", adaptando-se ao novo coronavírus.

Esta quarta-feira, Emmanuel Macron reuniu-se, em videoconferência, com doze artistas, tais a cantora Catherine Ringer, a actriz Sandrine Kiberlain, os realizadores Éric Tolédano e Olivier Nakache, o escritor Aurélien Bellanger, ou ainda o encenador Stanislas Nordey.

O Presidente francês anunciou que "no dia 11 de Maio, muitas actividades vão ser retomadas", adaptando-se ao vírus, com "bom senso e inovação", acrescentando que "devemos poder reabrir as livrarias, os museus, sem riscos de multidões, as lojas de discos e as galerias de arte". Os teatros devem poder "retomar" a actividade para que artistas possam voltar aos ensaios, aguardando por um novo ponto da situação "no final de Maio, ou início de Junho" no que diz respeito à abertura de espaços ao público.

Um grande número de comércios volta a abrir a partir do dia 11 de Maio, mas as portas das salas de cinema, festivais e salas de concerto vão permanecer fechadas, tendo por motivo o distanciamento social obrigatório.

Confrontado a tribunas e abaixo-assinados do sector cultural, composto por mais de 1,3 milhões de pessoas em França, e considerado como "o sector esquecido" da crise, o Presidente avançou com primeiras medidas, tal a proposta de prolongamento dos direitos dos intermitentes do espectáculo até Agosto 2021, medida aguardada pelo sector.

Ao mesmo tempo que anunciava este "ano branco" para o sector cultural, o chefe de Estado mostrou-se confiante de que "esta medida acabará talvez por não ser necessária", tomando em consideração que "abriremos muitos projectos, muitas horas" que vão permitir aos intermitentes "de não ter de usar destes dispositivos".

O regime da intermitência é uma especificidade francesa que abrange cem mil artistas e técnicos indemnizados todos os anos. Para conseguir esta ajuda, os profissionais devem ter trabalhado 507 horas nos últimos doze meses. Tendo em conta a actividade suspensa em perceptiva, poucos podem acumular as horas necessárias.

O sector do audiovisual deparou-se também com falhas nos seguros que não cobriam o risco de pandemia e um eventual novo confinamento, pelo que o Presidente francês se mostrou favorável a uma abertura de fundos de indemnização temporária para futuras filmagens e séries que vai ser aplicada "caso a caso".

"Vamos confrontar (os seguros, os bancos), com as suas responsabilidades", declarou o chefe de Estado, anunciando que as filmagens vão retomar "caso a caso", a partir de Junho.

O Presidente pediu também ao sector da cultura para "reinventar" um "verão diferente" para milhões de jovens que não vão poder ir de férias. "A Nação não pode viver as suas férias como antes. Deveremos transformar este verão pela aprendizagem e cultura", declarou o Presidente francês.

O chefe de Estado insistiu ainda quanto à necessidade de uma mobilização para "milhões de crianças e adolescentes" que este verão não poderão ir de férias, nomeadamente "imigrantes" cujas famílias "costumavam ir durante várias semanas ou meses para o país de origem" e que não vão poder fazê-lo este ano.

As fronteiras podem assim ter de permanecer fechadas nos próximos meses entre a França e os países do norte de África.

"Já pedimos um enorme esforço" aos habitantes "com o período de confinamento", sublinhou Emmanuel Macron, pedindo a artistas e técnicos de "reinventar colónias de férias". Seguindo esta perspectiva, acrescentou que os artistas poderiam ser mobilizados através de uma "plataforma" de coordenação de iniciativas, sublinhando que o Estado dá "a possibilidade aos artistas e às suas equipas de inventar um verão diferente".