Os parasitas que causam a malária estão a ganhar resistência ao tratamento mais eficaz que existe para a doença. O cientistas detectaram, no Camboja, casos de malária em que o medicamento demora mais tempo a limpar o sangue dos doentes. Uma investigadora portuguesa fala em notícias preocupantes.
Os primeiros sinais, ainda incertos, surgiram há dois meses. Agora a comunidade científica esbarra na certeza, o tratamento mais eficaz, com artemizina, está a demorar mais tempo a fazer efeito.
Maria Mota, que coordenou um estudo sobre a malária, lembra que não há vacinas e que apesar do trabalho em laboratório, só a artemizina é eficaz.
A investigadora não tem dúvidas em relação ao significado desta notícia. Maria Mota deixa o alerta.
«É bastante preocupante, porque se nós pensarmos não há nenhum [medicamento] que esteja preparado para entrar em desenvolvimento para ser usado por humanos rapidamente», alertou.
A descoberta aconteceu na região Ocidental do Camboja, por má utilização. A investigadora explica que «há uma enorme inundação de drogas no mercado chinês»
Maria Mota adverte que «as pessoas todas tomam a artemizina, porque obviamente não querem apanhar malária, mas provavelmente não tomam com os cuidados que deviam tomar», nomeadamente em termos de dosagem.
A investigadora espera que a evolução da resistência seja lenta e arrisca um prazo, entre cinco a dez anos a artemizina vai deixar de ser eficaz contra a malária.