Ex-assessor e amigo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, é investigado num caso sobre desvio de dinheiro.
Uma antiga funcionária do gabinete de Jair Bolsonaro quando o atual Presidente brasileiro era deputado transferiu a maioria do seu salário ao pai, ex-assessor Fabrício Queiroz que está a ser investigado, num suposto esquema ilícito, noticiou a imprensa local.
A informação relativa à funcionária Nathália Queiroz foi avançada pelo jornal Folha de S.Paulo, que indicou haver indícios de um suposto esquema ilícito conhecido no Brasil pelo nome de 'rachadinha' - prática em que funcionários devolvem parte dos seus salários pagos pelo Estado a quem os contrata.
O ex-assessor e amigo da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, é investigado num caso sobre desvio de dinheiro.
Dados da quebra de sigilo bancário de Nathália Queiroz, citados pela Folha, mostram que esta transferiu, entre janeiro de 2017 e setembro de 2018, mais de 150,5 mil reais (23,4 mil euros) para a conta do seu pai - que além de ex-assessor de um dos filhos de Bolsonaro é um antigo polícia militar -, no período em que era funcionária do gabinete de Jair Bolsoanro na Câmara dos Deputados.
O valor representa 77% do que Nathália Queiroz recebeu da Câmara dos Deputados.
Ainda segunda o jornal, a filha de Fabrício Queiroz atuava como treinadora pessoal no mesmo período em que trabalhava para Bolsonaro.
A dinâmica das transferências feitas por Nathália para Fabrício Queiroz é a mesma descrita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sobre a suposta 'rachadinha' no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do atual chefe de Estado, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Queiroz e Flávio Bolsonaro são suspeitos de operarem um esquema de desvio de dinheiro público através da apropriação de parte do salário de ex-assessores parlamentares na Alerj, com o ex-assessor a ser apontado como o responsável por arrecadar o dinheiro.
Queiroz foi preso preventivamente em 18 de junho num imóvel na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, do advogado Frederick Wasseff, que trabalhava para a família Bolsonaro.
O ex-assessor foi detido porque os procuradores encontraram indícios de que continuava a cometer crimes, tentava apagar rastos e falava com testemunhas nesta investigação sobre a prática de 'rachadinha'.
As movimentações de dinheiro acima dos rendimentos do ex-assessor chamaram a atenção também porque aconteciam através de depósitos e levantamentos em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento do salário dos funcionários da Alerj.
Nesta investigação, Flávio Bolsonaro é suspeito de praticar os crimes de peculato, branqueamento de capitais e organização criminosa, segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Procuradores identificaram ainda que Nathália Queiroz transferiu pelo menos 82% dos seus vencimentos para o pai no período em que esteve colocada na Alerj, de dezembro de 2007 a dezembro de 2016, adiantou a Folha de S.Paulo.
Em comunicado, a defesa de Queiroz afirmou que as transferências seguiam a lógica de "centralização das despesas familiares na figura do pai".