Em Luziânia, no Goiás, um assalto à moda antiga, num Brasil onde o atraso se tornou parte da agenda política oficia.
Desde há uns dois anos, o Brasil recuou no tempo.
Estimula-se o militarismo, confunde-se fé com política, persegue-se minorias e luta-se contra comunistas que nem sabem que são comunistas.
Enquanto cientistas que recomendem isolamento social, uso de máscara e prescrição de remédios adequados ao Covid-9 são considerados aldrabões ou hereges, os terraplanistas, gente de mentalidade pre-Galileu, portanto, vêm crescendo em reputação.
Por outro lado, a ordem é para toda a gente, ou o máximo de gente possível, usar arma à cintura, como no velho oeste americano ou no próprio sertão brasileiro, onde Lampião e outros cangaceiros fizeram a história, aos tiros, no século 19.
Neste contexto de Brasil à antiga brasileira, a notícia seguinte não surpreende. É de um assalto, mais um de entre tantos que ocorrem dia a dia num dos países mais desiguais do mundo, em Luziânia, estado do Goiás, região centro-oeste.
Mas não foi um assalto comum: desde logo porque o produto do roubo foram dois queijos.
O empregado da loja, depois de conferir o stock de frios e verificar que faltavam lá duas unidades, avisou o dono. E este, com recurso ao sistema de vigilância, descobriu o culpado
Fora um assaltante que, em vez de escapar de carro, de moto ou de helicóptero, fugiu a galope no seu cavalo pela pradarias do Goiás.
Esperemos que no Brasil onde se grita "bandido bom é bandido morto" até no Palácio do Planalto, ou sobretudo no Palácio do Planalto, um bando de justiceiros não enforque o ladrão, como se fazia no Velho Oeste.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil