Política

Máscaras, gel, menos pessoas e mais críticas. Assim se fez a Festa do Avante!

Carlos Pimentel/Global Imagens

O ambiente na Festa do Avante! fica marcado por regras de segurança apertadas, cumpridas e muitas críticas por parte dos comunistas devido à forma como a rentrée do PCP foi envolta em polémica.

O comício do PCP marca o último dia da Festa do Avante! "Não ocupem a estrada, mantenham-se nos lugares", podia ouvir-se nos microfones vindos do palco 25 de Abril ainda antes de Jerónimo de Sousa subir ao palco. A organização preocupava-se em cumprir as regras, em que o distanciamento fosse cumprido e em que tudo corresse bem.

A plateia estava cheia, nem a pandemia fez desaparecer as bandeiras com os símbolos do PCP e foi possível perceber o ambiente de críticas que se fez sentir um pouco durante todo o fim de semana. Certo é que a Quinta da Atalaia nunca viu tanto gel desinfetante e máscaras como nos últimos três dias.

De concertos a piqueniques, de debates a compras de merchandising, tudo aconteceu na Quinta da Atalaia, mas... em dimensões incomparáveis com outros anos. Os comunistas que estiveram no recinto não têm dúvidas de que tudo foi cumprido à risca, de que o PCP é um partido responsável e apontam o dedo aos críticos, acusando-os de serem culpados pelo número de pessoas que esteve presente na rentrée política.

"Revoltados e injustiçados." É desta forma que Carla Ribeiro, uma das pessoas que está a servir refeições pela concelhia da Maia, fala não esconde a desilusão e mostra-se desapontada com a "campanha" feita contra o PCP.

"Nota-se que há menos gente, mas podia ter sido com muito mais participação se não tivesse havido esta campanha contaminada que foi feita de uma forma muito injusta contra a Festa do Avante!", assegurando que as "vendas não são o mais importante e nunca foi".

Carlos Gonçalves, da empresa Alicouro, marca presença no Avante! Há 30 anos e nem ponderou não vir. Apesar de as vendas não serem, como diz Carla Ribeiro, o mais importante, o empresário de Amarante fala em quebras certas.

"Provavelmente a quebra deve ser muito próxima do fluxo de participantes da Festa do Avante!, pode andar à volta dos 30% a menos", admitiu. Contudo, Carlos Gonçalves tem a certeza de que a rentrée tinha de acontecer nestes moldes para "mostrar ao povo português e ao mundo que com responsabilidade e rigor se pode fazer muita coisa".

"O PCP, pela sua história, é um partido altamente responsável que luta pela liberdade, pela paz e pelo bem-estar de todos", reitera, frisando que tudo foi feito para que a Festa do Avante! Corresse bem e sem problemas.

Filipe Costa é um dos representantes de Bragança e está atarefado entre as mesas de refeições onde os tempos de pandemia não mudaram os pratos de eleição: postas à mirandesa e alheira. Entre os finos e o grelhador, contou que se manteve afastado da polémica, preferiu estar concentrado em garantir que tudo corria bem dentro do recinto.

"Acho que há um ambiente de tranquilidade, segurança, de boa disposição e de que a Festa foi absolutamente determinante e importante", começa por dizer. "Quem cá veio fez bem, quem não veio vai sentir falta dela", atira o comunista que vem ao Avante! Desde 2006.

Filipe acredita que as contas só devem ser feitas no fim, mas garante que foi dado um "sinal de esperança", o mais importante a retirar do fim de semana.

Carla Ribeiro concorda e insiste que é preciso "lutar contra o medo", porque este "não nos pode privar da vida laboral, dos direitos, mas também do direito ao ócio e ao lazer".

Inês André Figueiredo