Economia

O pesadelo de uma noite de verão. Alojamento turístico recuou em agosto

André Vidigal / Global Imagens

Os hoteleiros nunca tiveram um agosto tão negativo. O Instituto Nacional de Estatística revela esta quinta-feira os dados da atividade turística do mês de agosto.

Apesar de agosto continuar a ser o mês mais forte do turismo nacional, neste ano de pandemia o alojamento turístico recuou 43,2% face ao mesmo mês do ano passado e a presença de turistas estrangeiros diminuiu 72%.

Sendo o mais expressivo a quebra de quase 80% de turistas oriundos do Reino Unido, um país que o ano passado representou 18% do total das dormidas em hotéis portugueses no mês de agosto.

De resto, se o número de hóspedes não afundou ainda mais isso deve-se a que as dormidas de portugueses (apesar de descerem) apenas diminuíram 2% em relação ao período homólogo.

Mesmo assim, em agosto, cerca de 21% dos estabelecimentos de alojamento estiveram encerrados ou não registaram movimentos.

Os dados do INE mostram que de janeiro a agosto de 2020 houve uma quebra de 60% no número de hóspedes na hotelaria e noutros alojamentos turísticos, relativamente ao ano passado (2019)

Como mostra o gráfico, a pandemia vem quebrar um ciclo de vários anos positivo para o turismo português. De janeiro a agosto de 2020 foram menos 11 milhões de clientes.

Crise no turismo pode ser ultrapassada em 2021

Criado em 2003, o Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT) nunca observou nada assim. O presidente do IPDT, António Jorge Costa, pensa que nem os atentados do 11 de setembro tiveram tanto impacto.

"Esta crise é uma crise com características diferentes, não afetou a estrutura, a competência e qualidade que nós viemos a desenvolver ao longo dos anos. É uma crise que nos foi imposta, o setor parou e as fronteiras fecharam. Nós entrámos em crise sem querer, sem ter contribuído para isso e sem que o mercado deixasse de ter apetência para nos querer visitar", adianta António Jorge Costa.

Este especialista destaca dos números do Instituto Nacional de Estatística a prestação dos clientes nacionais tendo até havido um crescimento de 9% de hóspedes portugueses no Algarve e um aumento de 4% no Alentejo: "Os nacionais responderam muito bem ao desafio que nos foi colocado, conseguindo contribuir para esbater a quebra das chegadas internacionais".

Mas para quando um regresso do mercado internacional? Esta é uma pergunta que só uma vacina pode responder porque "logo que tenhamos condições de controlar a pandemia eu creio que não só vamos alcançar os níveis anteriores como poderemos ultrapassar os valores de dormidas e hóspedes que atingimos em 2019", sublinha.

Enquanto uma vacina não acontecer os turistas estrangeiros estão obrigados a corredores sanitários e enquanto a esta situação permanecer não há confiança para viajar "porque o que vemos neste momento são decisões casuísticas país a país e agora já quase região a região, e enquanto esta inconsistência de decisões se mantiver é muito difícil, nomeadamente para as companhias aéreas e para os destinos, poderem trabalhar no sentido de captar turistas".

António Jorge Costa do IPDT defende que os países da União Europeia têm que definir uma política comum de reabertura de fronteiras e quando isso acontecer "temos grandes esperanças (e nosso painel do IPDT aponta para isso) que em meados do ano que vem tenhamos recuperado o turismo nacional", conclui.

noticia atualizada às 14:23