Nem a Junta escapou ao surto de covid-19 que se instalou há uma semana nesta freguesia de Vila Viçosa.
A população de São Romão, aldeia plantada no meio da ruralidade alentejana, foi surpreendida com um surto de covid-19 que já supera os 35 casos positivos. O vírus entrou no lar de idosos e depressa se propagou pela freguesia. Há quem garanta que os moradores facilitaram, mas hoje já ninguém sai à rua sem máscara, enquanto os testes são massivos.
Nem a Junta escapou ao surto de covid-19 que se instalou há uma semana nesta freguesia de Vila Viçosa. O presidente Marcos Capelas ficou contagiado levando a autarquia a mandar todos para casa até serem testados.
"Estamos a tentar assegurar os serviços mínimos, mas não tem sido fácil de articular, porque os funcionários também ficaram em confinamento", explica o autarca que procura trabalhar com recurso às novas tecnologias. Revela que o surto começou no centro de dia da Santa Casa da Misericórdia, infetando todos os utentes e vários funcionários, propagando-se rapidamente pela aldeia.
Assume que os cerca de 35 casos positivos que já estão contabilizados traduzem "gente a mais" perante uma freguesia com mil habitantes, mas admite que o cenário poderá agravar-se em breve, quando se "espera os resultados de muitas pessoas que têm vindo a testar", diz.
As ruas só não estão desertas porque alguns moradores se têm deslocado aos dois postos de testagem, mas o "sentimento de medo" está instalado na aldeia, segundo assume Marcos Capelas. "As pessoas também não sabem ao certo o que se está a passar, porque a informação também não tem sido muita", justifica.
A população circula agora de máscaras no rosto, embora sejam recentes os tempos em que ninguém as usava, o que, para a moradora Maria João, contribuiu para o atual estado de coisas. "Já esperava isto, porque aqui sempre vi muito pouco cuidado nas pessoas. Ali no terreiro sentavam-se ao colo umas das outras. Há falta de responsabilidade e de cuidados", assume, enquanto compra três pães de Deus para ir oferecer aos vizinhos que estão em isolamento.
Já Manuel prepara-se para ser testado à porta da escola primária, revelando que manteve contacto com funcionárias da Misericórdia quando foi entregar a roupa. Diz que estava longe de imaginar que o vírus iria chegar à terra. "Vivemos aqui sempre pacificamente, sem problemas. Estávamos descansados e agora temos todos que redobrar os cuidados. Quem não o fizer está errado", sublinha.
Uma das moradoras que está a contas com o isolamento por ter testado positivo, juntamente com o marido, diz lá do fundo do pátio que estão ambos assintomáticos e confiantes de que tudo vai correr bem. "Tivemos contacto com familiares de pessoas do lar e acusámos positivo. Por enquanto não sentimos sintomas de alarmar", revela, acrescentando que um cunhado teve de ser hospitalizado.
A própria Escola Básica de São Romão encerrou depois de um aluno estar infetado com covid-19, levando ao confinamento de professores, auxiliares e dos restantes alunos que foram sujeitos a testes.