Mundo

Chinatown reage ao "vírus chinês" de Trump

Chinatown, Nova Iorque Spencer Platt/AFP

A comunidade asiática nos EUA queixa-se de ataques e discriminação inspirados num "presidente racista". Os dirigentes locais fazem campanha para "mudar de vida".

Jenny Low leva na mão folhas plastificadas com os rostos dos candidatos democratas. Além de Joe Biden e Kamala Harris, estão lá os candidatos ao Senado, ao Congresso e aos órgãos locais.

Nascida na China, Jenny vive há 40 anos nos EUA. Há 25 tornou-se dirigente local na Chinatown de Nova Iorque. Agora, loja a loja, apela ao voto, contra uma crise que chegou com a Covid-19.

"A pessoa da Casa Branca chamou ao vírus o 'vírus chinês'", diz Jenny Low. As palavras de Donald Trump tiveram um efeito devastador nos negócios em Chinatown. "Muitas destas lojas estão fechadas desde Janeiro, porque as pessoas pensam que são os chineses que estão a transmitir o vírus, o que é totalmente errado e ridículo. Mas foi isso que aconteceu. Em Março, as pessoas estavam a perder 65 a 85% dos negócios."

Além das dificuldades financeiras, a ideia de que a Covid-19 é provocada por um vírus chinês fez crescer o sentimento anti-asiático, até degenerar em casos de violência. "Fomos atacados, espancados, só pelo nosso aspecto asiático", conta Jenny, que não hesita em apontar o dedo ao presidente dos EUA. "Não sabemos quem são os atacantes, mas, seja quem for, estão a seguir este Presidente racista que temos na Casa Branca."

Jenny Low confessa que tomou precauções. Anda com uma lanterna com um apito, porque, em 40 anos no país, nunca se sentiu insegura, mas agora, tem de ser "extra-cautelosa".

É por tudo isto que Jenny Low, uma democrata assumida, não se cansa de passar a mensagem de que esta eleição "vai mudar a nossa vida". "Na nova administração, Joe Biden e Kamala Harris, que é meio asiática, vão ajudar-nos."

A mãe da candidata à vice-presidência, Kamala Harris, nasceu na Índia. Se for eleita, a parceira de Joe Biden será a primeira americana afro-asiática a chegar à Casa Branca.

A autora não segue as regras do novo acordo ortográfico.

Cristina Lai Men