Do outro lado do telefone, uma voz robotizada de mulher pedia aos norte-americanos que não participassem no ato eleitoral.
O FBI está a investigar as chamadas telefónicas que milhares de eleitores nos Estados Unidos da América receberam a apelar para que ficassem em casa, "em segurança", alegadamente para desencorajar a ida às urnas.
A informação foi avançada à agência de notícias Associated Press (AP) por um alto funcionário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, que admitiu que as chamadas parecem querer desmotivar as pessoas de irem votar, através do medo.
"Stay safe and stay home" [Fique em segurança e fique em casa]" foi uma das mensagens gravadas que milhares de eleitores receberam ao longo das últimas semanas até hoje, último dia de eleições para as presidenciais.
Segundo a Associated Press, este "aviso sinistro" feito por uma voz robotizada de mulher, foi visto pelas autoridades eleitorais com um esforço para assustar os eleitores.
Na chamada não há qualquer referência às eleições, mas houve muitas pessoas que associaram as duas coisas, sublinha a AP.
"Parecia que queriam riscar o voto", contou à AP Dan Doughty, um dos habitantes de Kansas que recebeu o telefonema, acrescentando que a mensagem "era tão vaga que o responsável poderá dizer que se tratava da Covid[-19]".
As chamadas foram feitas para residentes de quase 90% de todos os códigos de área dos EUA, segundo uma análise realizada pela YouMail, uma empresa de tecnologia que fabrica software 'anti-robocall' e que avançou com estas informações ao jornal The Washington Post.
Segundo a empresa de tecnologia, as chamadas começaram no verão mas aumentaram drasticamente nas últimas semanas: Em outubro, por exemplo, registaram-se 10 milhões de chamadas e hoje foram identificados contactos em estados como Iowa, Kansas, Florida, Nebrasca ou Missouri.
Numa das versões das chamadas ouvia-se "Isto é apenas um teste" ("This is just a test call") e noutra a mensagem era mais direta: "Tempo de ficar em casa. Fique em segurança, fique em casa" ("Time to stay home. Stay safe and stay home").
Em comunicado, o FBI limitou-se a reconhecer que tinha conhecimento de "relatos de ligações automáticas".
Já um responsável pela segurança interna, que pediu anonimato, explicou que as chamadas telefónicas feitas por robots "acontecem em todas as eleições", aconselhando as pessoas a "terem calma e irem votar".
Entretanto, em Flint, no Michigan, houve eleitores que receberam um outro tipo de chamada sugerindo que adiassem o voto para quarta-feira, para fugir às longas filas das mesas eleitorais, quando na realidade hoje é o último dia em que o podem fazer.
"Obviamente isto é FALSO e pretende que as pessoas não votem", alertou no Twitter a procuradora-geral de Michigan, Dana Nessel, acrescentando: "Não existem longas filas e hoje é o último dia de voto. Não acreditem em mentiras!".