A responsável pelo curso de medicina da Universidade do Algarve alerta para para as fragilidades dos testes antigénio. A revista Nature também já veio dizer que este instrumento de deteção da doença tem riscos.
A Revista científica Nature veio alertar para as fragilidades dos testes de antigénio que podem dar "falsos negativos e positivos". Isabel Palmeirim, diretora do curso de Medicina da Universidade do Algarve, especialista em medicina molecular, afina pelo mesmo tom e considera que os testes rápidos têm riscos.
"Os estudos que têm sido feitos mostram que, se os testes forem aplicados a pessoas que já têm sintomas, têm uma sensibilidade de cerca de 80%, o que é bastante bom", afirma Isabel Palmeirim. Mas há o reverso da medalha. Se as pessoas ainda não tiverem sintomas, os testes rápidos dão apenas cerca de 30% do que dariam os testes PCR.
Além disso, os testes antigénio podem dar falsos negativos, mas também falsos positivos. "Porque eles procuram reconhecer proteínas do vírus e, na nossa garganta, podem existir outras coisas que fazem uma reação cruzada". Ou seja, o teste pode enganar-se.
Os testes rápidos são igualmente feitos com uma zaragatoa, são muito mais baratos do que os testes PCR e estão prontos em cerca de 15 minutos.
O Governo anunciou que serão utilizados no caso de existir um surto numa escola, lar ou empresa, mas, de acordo com Isabel Palmeirim, algumas pessoas infetadas podem escapar ao rastreio. "Podemos não detetar todas as pessoas, não podemos ficar totalmente descansados", afiança. "Há discussões científicas que dizem que as pessoas a quem o teste rápido não detetou são as que têm uma carga viral muito baixa e, portanto, não passam a doença", adianta. "No entanto", adverte, "ainda não sabemos se isso é verdade e a pessoa pode também ter hoje uma carga viral baixa e amanhã já ter uma alta".
Por isso, a médica Isabel Palmeirim aconselha que, se o paciente tiver sintomas, deve fazer o teste antigénio mas, se não tiver, como precaução, o melhor mesmo é realizar o clássico teste PCR.