Presidente do sindicato revela que o surto no Estabelecimento Prisional de Lisboa foi agravado por falhas na desinfeção dos pavilhões.
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) acusa a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) de não estar a ser clara nas regras a implementar nas prisões para combater os surtos de Covid-19 e revela que o atual surto no Estabelecimento Prisional de Lisboa foi agravado por falhas na desinfeção dos pavilhões.
À TSF, o presidente do SNCGP, Jorge Alves, considera que, além de virem tarde, as normas não estão a ser cumpridas, "são avulsas" e estão a ser enviadas "a conta-gotas" pela direção-geral.
As normas chegam "entre as 20h e as 23h para aplicar logo no dia a seguir, sem as pessoas estarem a contar".
Surto em Lisboa provocado por falta de desinfeção
Este domingo soube-se que o Estabelecimento Prisional de Lisboa tem 81 reclusos e oito trabalhadores infetados com Covid-19, enquanto em Guimarães 23 reclusos e três funcionários testaram positivo, informou a DGRSP.
Jorge Alves revela à TSF que em Lisboa "andaram a trocar reclusos de pavilhão sem fazer a desinfeção necessária para limpar os pavilhões", comportamento que levou a um agravamento do surto no estabelecimento prisional.
Em Guimarães ainda não foi possível perceber a origem do surto, mas o presidente do sindicato recorda que "há duas ou três semanas houve cinco ou seis casos de guardas prisionais infetados".
"Ontem [sábado], houve um recluso que deu positivo depois de ter tido sintomas de Covid-19 e foi transferido para o Porto. Entretanto fizeram testes e descobriram hoje 23 casos positivos e 14 inconclusivos", explica.
O presidente do sindicato deixa também questões sobre as diferenças nas regras que devem ser cumpridas dentro e fora das prisões.
No caso da quarentena, Jorge Alves nota que "cá fora, qualquer um de nós que fique infetado tem de cumprir um determinado número de dias fechado num quarto", enquanto no interior das prisões as portas das celas são abertas "todos os dias" para os reclusos "terem duas horas de recreio a céu aberto, em que podem ter contacto com outras alas e conversas com outros presos".
Jorge Alves acrescenta que, nestes casos, "não há guardas suficientes para acompanhar os reclusos no recreio e perceber se estão a arriscar a vida de outros ao contactarem com eles".
Estão confirmadas 3381 mortes devido à Covid-19 em Portugal, mais 76 do que no último boletim epidemiológico.
O número de pessoas infetadas pela doença até agora é de 217.301, mais 6035 nas últimas 24 horas. Há, neste momento, 88.854 casos ativos.