A TSF esteve em Sacavém, no concelho de Loures, para acompanhar um dia na vida do Sport Grupo Sacavenense.
Tem sido uma semana diferente para os que gostam e apoiam o Sport Grupo Sacavense, clube que compete no Campeonato de Portugal e prepara-se para receber (no Estádio do Jamor) o Sporting na Taça de Portugal.
Ainda não são 9 horas da manhã. É o que marca o relógio por trás do balcão pintado com o símbolo do Sport Grupo Sacavenense. Preto e vermelho são as cores mas já pálidas e desbotadas. Sente-se a humidade que se confunde com o cheiro a café. É aqui que os adeptos se juntam, mas agora não há nenhum para a amostra. Apenas uma senhora, com ar tímido, a beber um café. A proprietária tenta tirar-lhe a vergonha: "a minha amiga faz parte da claque". Mas não quer falar à TSF. Diz que tem vergonha. Dizem-nos que adeptos, talvez, só à tarde.
Chegamos ao Campo do Sacavenense. Fica quase por baixo da ponte Vasco da Gama. É na parte nova da cidade mas o estádio é antigo, construído em 1910. Tem mais de 100 anos. Somos recebidos por Hélder Mestre, o diretor desportivo: "Bem-vindo, não me diga que nunca veio a um campo destes?". Primeiro, à porta, está um homem sentado numa mesa. É o responsável por medir a temperatura de quem entra nas imediações. Ninguém entra sem verificar a temperatura corporal, deixar o nome e o contacto pessoal.
O jogo com o Sporting vai ser no Estádio do Jamor por falta de condições. O presidente do clube, Manuel do Carmo, conta à TSF que preferia jogar no Campo do Sacavenense: "Não temos iluminação suficiente. Podíamos providenciar mas Iríamos gastar mais que a receita. Se houvesse público ainda fazíamos um esforço".
"A receita vai dar-nos muito jeito. A televisão, por causa dos direitos de transmissão, dá 25 mil euros aos dois clubes. O Sporting cede-nos a sua receita. Isso vai melhorar muito a vida do clube para esta época", conta o responsável máximo pelo clube de Sacavém.
Os jogadores entram no relvado. É novo, sintético. André Pires é o defesa esquerdo da equipa e um dos mais experientes. Tem 30 anos. Vai defrontar o clube que o formou: "É um clube especial para mim, foi onde comecei. É o clube que eu e a minha família simpatizamos".
Os jogadores são todos amadores. Muitos estudam, outros têm emprego. Por isso não agrada muito que o jogo seja a uma segunda-feira, às 21h00. "Não nos vamos desculpar com isso, mas vai ser difícil. Temos de ser realistas e reconhecer. Somos amadores, todo o plantel trabalha, jogadores, treinadores e dirigentes trabalha, torna-se complicado jogar à hora prevista", desabafa o presidente.
Já passa do meio-dia. Daqui a pouco chega João Palhinha. O médio do Sporting vai ao estádio visitar o clube que o formou, clube onde jogaram também os irmãos Rui e José Fonte.
O diretor desportivo Helder Mestre fala num clube centenário que já teve mais adeptos: "a população de Sacavém está um pouco desligada do clube neste momento. É uma poupulação muito idosa, muitos já morreram. Há também muita gente nova mas o clube para esses acaba por lhes dizer pouco. A maior parte nem é de cá. Sacavém é um dormitório para eles, basicamente".