O Governo de António Costa quer que seja a Assembleia da República a votar o plano de reestruturação da companhia aérea portuguesa.
O PCP concorda que o dossier TAP seja discutido na Assembleia da República, mas recusa-se a votar a favor de um plano que pretenda despedir em massa trabalhadores. Vasco Cardoso, da Comissão Política do PCP, defende que compete aos órgãos de soberania portugueses, e não à Comissão Europeia, decidir o futuro da companhia aérea.
"Achamos profundamente desadequado sujeitar a TAP a uma decisão de instituições internacionais", refere.
Vasco Cardoso lembra que os comunistas já tomaram iniciativa para discutir o assunto TAP na Assembleia da República, mas frisa que "essa discussão deve ser para responder aos problemas da companhia e não como qualquer tipo de chantagem sobre a Assembleia da República ou sobre as forças políticas".
" O que se impõe é defender os postos de trabalho, os direitos dos trabalhadores, aguentar esta situação difícil nos próximos meses e preparar o futuro num quadro de recuperação, quer da TAP quer do controlo público da ANA aeroportos", defende.
O Bloco de Esquerda não comenta para já o facto de o plano de reestruturação da TAP poder vir a ser discutido no Parlamento. Catarina Martins diz que lhe parece estranho que um plano seja aprovado em Bruxelas antes de ser aprovado em Portugal, mas não se alonga em comentários, afirmando apenas que a deputada bloquista Isabel Pires reúne-se esta segunda-feira com os trabalhadores da companhia aérea.
"Hoje mesmo, a Isabel Pires está reunida com vários dos sindicatos da TAP e eu não queria alargar-me em mais considerações antes desta ronda de reuniões, que é para nós essencial", referiu apenas.
O Governo também já informou o PSD de que pretende levar o plano de reestruturação da TAP ao Parlamento, de acordo com fonte do partido contactada pela TSF.
Segundo esta fonte, até ao momento, não houve nenhuma conversa entre o primeiro-ministro, António Costa, e o líder do PSD, Rui Rio, mas o grupo parlamentar social-democrata foi informado da intenção do Executivo socialista, embora se recuse a tecer para já comentários sobre um documento que desconhece.
O PSD manifesta, contudo, estranheza pelo envolvimento da Assembleia da República num dossier que, defende, é da responsabilidade do Governo.
*com Maria Augusta Casaca e Filipe Santa-Bárbara