Ministério da Administração Interna justifica saída de diretora do SEF com "separação orgânica" dentro do serviço, sem uma única referência à morte de Ihor.
O advogado da família do ucraniano morto no aeroporto de Lisboa, nas instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), diz que a saída da diretora Cristina Gatões confirma que a direção pode estar comprometida com o caso.
José Gaspar Schwalbach lamenta igualmente que o comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI) sobre a demissão de Cristina Gatões nunca refira a morte de Ihor Homenyuk à guarda do SEF.
"Verdadeiramente a saída, ainda que tardia, é apenas a confirmação de que a direção poderia estar comprometida durante todo o processo", mas "não fará diferença pois é impossível voltar atrás no tempo e impedir que tivesse acontecido este tipo de ataque grosseiro no nosso país", refere o advogado da família que exige 1 milhão de euros de indemnização ao Estado, ao SEF e aos três inspetores alegadamente envolvidos nesta morte e acusados de homicídio do cidadão ucraniano.
O comunicado do Ministério sobre a demissão da diretora do SEF nunca refere a morte de Ihor, caso que tem levantado uma vaga de protestos, argumentando, apenas, para a mudança, com o programa do Governo que prevê "uma separação orgânica muito clara entre as funções policiais e as funções administrativas de autorização e documentação de imigrantes".
"É neste novo quadro institucional que a Diretora Nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Cristina Gatões, cessa funções a seu pedido e com efeitos imediatos", acrescenta o comunicado do MAI.
Para José Gaspar Schwalbach "não é compreensível" a falta de referência à morte de Ihor Homenyuk: "no mínimo podia ter sido feita uma referência e pôr um ponto final no assunto".
O ucraniano morreu há 9 meses quando estava à guarda do SEF, mas até hoje nenhum representante do Estado português contactou a sua família.