Política

Jerónimo, da reestruturação "patriótica" da TAP ao salário mínimo que não é "moeda de troca"

Tiago Petinga/Lusa

O líder do PCP alerta que postos de trabalho da TAP têm de ser mantido e a reestruturação não pode ser feita pelos "ditames" da União Europeia.

Jerónimo de Sousa quer que o plano de reestruturação da TAP seja uma decisão "patriótica" e não uma exigência da União Europeia. Depois de o Governo ter revelado os planos para a TAP, o líder do PCP alertou que é preciso manter a companhia aérea portuguesa como uma bandeira do país, mas sem despedimentos.

"Isto é uma questão de soberania, a afirmação da importância que tem uma TAP pública ao serviço do povo e do país e achamos inaceitável que se procure aceitar os ditames da União Europeia numa decisão que compete a nós, é uma questão patriótica de todos salvaguardar a TAP, procurar um forte investimento e não ser reduzida a uma empresa regional ou a um pequeno acessório de uma multinacional", alerta o líder do PCP.

Perante o número de despedimentos, que segundo o Governo tem como "limite máximo" duas mil pessoas, dependendo da adesão dos trabalhadores às medidas voluntárias para a redução dos postos de trabalho, Jerónimo de Sousa pede "medidas urgentes" que garantam "o salário desses trabalhadores" e que com a reestruturação "esses postos de trabalho sejam defendidos e continuem para bem da TAP e do país".

Numa manifestação da CGTP integrada na semana de "Ação e Luta em todos os setores", e onde, mesmo debaixo de chuva, se juntaram mais de 200 pessoas, Jerónimo de Sousa recusou ainda a ideia de a subida do salário mínimo nacional ser um "agradecimento" do Governo pela viabilização do Orçamento do Estado.

"Não há moedas de troca", assegura o líder comunista, defendendo que o PCP se bate sempre pela valorização dos salários. "O Governo apresentou aquela proposta [que] fica aquém e é insuficiente tendo em conta as necessidades e a justeza dos salários dos trabalhadores e nesse sentido consideramos que não é moeda de troca, antes pelo contrário", aponta.

E numa semana marcada pelo caso do SEF, Jerónimo de Sousa recusa "demissões à peça" e passa a responsabilidade de uma possível saída de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna para o primeiro-ministro e para o Governo.

"Há um Governo responsável, particularmente e principalmente o primeiro-ministro, a quem deve ser feita a pergunta. Nós não individualizamos a questão", refere. Contudo, Jerónimo de Sousa recorda que o PCP é a "claramente" a favor de uma reestruturação da TAP e que haja apuramento de responsabilidades neste caso.

Inês André Figueiredo