Sabe aquelas alturas em que nos falam por meias palavras e nós percebemos que nos estão a tentar dizer uma coisa que querem ao mesmo tempo esconder-nos? É nesse ponto que está o Governo, quando anuncia que nos vai retirar a liberdade condicional, prometida para a passagem de ano, mas que mantém a precária, prevista para o fim de semana do Natal.
Repare bem, não é apenas na véspera e dia de Natal, é também no fim de semana que lá está colado. Uma precária de quatro dias para todo o país, incluindo os concelhos de risco muito elevado ou extremo. Na passagem de ano é que já vamos ter que estar todos em casa, uma hora antes das 12 badaladas, mesmo nos concelhos em que praticamente não há contágios. E não, não é porque o vírus faz bem a distinção entre festas cristãs e festas pagãs, é mesmo porque os políticos têm muito medo, não do vírus, mas da má disposição do povo.
Sim, andamos cansados de tanto estado de emergência e das restrições que isso implica e nem aceitamos que alguém pense em tirar-nos o Natal que, mal ou bem, já combinamos com a família. Mas sabe o que é que nos estão a tentar dizer por meias palavras? É que esta decisão tem um preço que pode ser bem alto e que vamos ter de pagar.
Em matéria de pandemia, a Europa não segue a duas velocidades. Há, de facto, uns países que vão à frente dos outros, mas aqui é bom ir atrás, à mesma velocidade dos da frente, porque dá para aprender com o que vai acontecendo. Na Europa, onde se reforçam restrições, mesmo com o Natal a chegar, já experimentaram desconfinar e aconteceu, outra vez, o que acontece sempre: assim que as pessoas retomam os contactos umas com as outras, o vírus aproveita a aberta e faz o seu caminho.
Proteja-se! Se vai passar o Natal em família, proteja também os que lhe são mais próximos. Cumpra as três regras fundamentais: uso de máscara, higienização frequente das mãos e distanciamento social. O máximo de liberdade exige o máximo de responsabilidade. Desconfie sempre quando falam consigo por meias palavras.